Até aos seus tempos de júnior, Pedro Lemos era tido como um dos mais promissores avançados dos escalões de formação do Vitória.
Com boa leitura de jogo e conhecimento táctico do jogo, aliava essa sabedoria a uma rapidez e uma técnica que o faziam um elemento quase indiscutível para os seus treinadores. Ele que fora assim que dera nas vistas no Selho, ainda com menos de dez anos, e que por isso saltou para o clube que sonhara sempre representar.
Por isso, causou surpresa quando nos juniores foi adaptado a lateral direito. Um recuo no terreno surpreendente, mas que ao qual o jovem jogador respondeu, exaltando as suas capacidades de conhecimento do jogo e que levou que em 2012/13 fizesse parte da primeira equipa B formada nos Conquistadores.
Aí seria, novamente, um membro importante, tanto que mereceria a recompensa de estrear-se na equipa principal vitoriana. Aquele momento com que tanto sonhara chegou a 30 de Dezembro de 2012 numa partida a contar para a Taça da Liga frente ao Beira-Mar. Contudo, se esse momento foi inesquecível, o que dizer do que viveu, sensivelmente, mês e meio depois, quando, frente ao Moreirense, foi escolhido por Rui Vitória para fazer parte do onze titular... no seu clube, em sua casa, como titular. O sonho de uma vida cumprido.
Não obstante o bom desempenho, seria a única vez que tal haveria de ocorrer. Nas duas temporadas seguintes continuaria no conjunto secundário da equipa do Rei, até no início do exercício de 2015/16 cortar o cordão umbilical e comprometer-se com o Gil Vicente da Segunda Liga. Cumpriria duas temporadas quase sempre como titular, para daí descer ao Campeonato de Portugal, dizendo que sim ao ambicioso projecto do Vilaverdense. Uma temporada depois estava de regresso ao segundo escalão do futebol nacional, no Penafiel, onde cumpriu duas temporadas à sua imagem: regulares, certinhas, sempre a pensar, provavelmente, mais na equipa do que em si,
Até que chegamos à época de 2020/21, altura em que Pedro tomou uma grande decisão. A de emigrar. Rumou, como tantos atletas portugueses, a Chipre para representar o Ermis Aradippou. Aí faria uma temporada, mas com dificuldades em jogar por causa de uma lesão, resolveu vir tratar-se a Portugal.
Com dificuldades em recuperar, decidiu abandonar o futebol, com, apenas, 28 anos. Muito jovem, tinha de encontrar um rumo. Resolveu, por isso, emigrar para a Alemanha, atendendo ao facto da mulher ter família no país. A pensar em afastar-se, completamente do desporto-rei, encontrou emprego numa empresa, onde, passado algum tempo, o desafiaram para jogar futebol. Diria que não, mas em tom de brincadeira, perguntou se precisavam de um treinador. Colocariam-no a orientar a segunda equipa do clube do qual a sociedade era patrocinadora, subindo quase de imediato na primeira equipa. Teria sucesso instantâneo, subindo de divisão da oitava para a sétima divisão germânica.
Continuaria a carreira, orientando o Vorwarts Epe na sexta divisão, e com 32 anos a olhar, novamente, o futuro com esperança que o futebol continue a fazer parte da sua vida... e isso será o mais importante de tudo!

