O QUE EU ANDEI PARA CHEGAR AQUI - XVI RICARDO CARVALHO

Terá sido o defesa central forjado na cantera vitoriana em que se depositavam mais esperanças.

Com bom sentido posicional, fácil leitura de jogo e "pinta", Ricardo Carvalho, desde que entrou no Vitória com pouco mais de dez anos, parecia ter tudo para chegar à liderança do último reduto vitoriano. Tanto assim era, que nos sub-16 foi chamado, pela primeira vez, às selecções nacionais. Eram indícios claros que tinha de ser levado em linha de conta, num percurso ascensional que o faziam ser olhado com cobiça por outros emblemas.

Tanto assim foi, que nos juniores terá dado um passo que não terá sido o mais acertado. Com efeito, fruto do Vitória ainda dever ao Benfica o dinheiro referente ao adiantamento que os encarnados haviam realizado aquando da gorada transferência de Tiago Targino para os lisboetas, Júlio Mendes, para pagar a dívida, enviou para o Seixal os jovens talentos Jota, Pedro Alves e Ricardo Carvalho. Um negócio a deixar muitas dúvidas nos vitorianos, mas que já houvera sido tentado na temporada anterior, sob a liderança de Emílio Macedo da Silva, mas com outros atletas para além destes. Aliás, tal levaria a que Luís Cirilo, na altura, na oposição ao, então, presidente a dizer que "Esta dívida ao Benfica está expressa nas contas do clube. Não foi descoberta por nenhum Sherlock Holmes. Mas uma coisa é certa: Josué+Paulo Oliveira+50% de Cafu+ Ricardo Carvalho ão é amortizar a dívida, é um assalto!"

Em Lisboa, Ricardo não se afirmaria. Apesar de ter começado a todo o fulgor na equipa júnior encarnada, iria começar a perder espaço até na temporada de 2015/16 optar por regressar ao Vitória, na esperança de voltar a projectar-se no futebol nacional, confirmar os indícios de qualidade que deixara anos antes. Contudo, nas três temporadas em que actuou na equipa B do Rei nãos seriam o esperado, ainda que seria na última que esteve em Guimarães que mais jogou, chegando, também, a estrear-se no recém-criado conjunto sub-23.

Porém, a sua estrada no Vitória houvera-se estreitado. Sentindo que não era visto como a esperança de outrora, resolveu arriscar. Rumar a Espanha e tentar afirmar-se pelas divisões inferiores, começando pelo Salamanca CF UDS a actuar no terceiro escalão do país vizinho. Dali, passaria para o Villarrubia da mesma divisão e depois para a equipa B do Almeria, sempre sem conseguir dar o passo tão desejado em frente na carreira, em confirmar o que se lhe perspectivava na formação.

Por isso, urgia regressar a casa... estabilizar! O Associação Recreativa de São Martinho, naquela época de 2021/22 a actuar no Campeonato de Portugal, recebeu-o de braços abertos, fazendo dele o líder do seu último reduto. Assim seria até aos dias de hoje, vivendo os períodos de exaltação do clube nos nacionais ou de maior desilusão na divisão principal dos distritais do Porto.

Porém, o futebol terá sido injusto para com ele... quem tanto prometia, quem todos projectavam que pudesse chegar ao topo não conseguiu.... o jogo, até por isso, é uma caixinha de surpresas!

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