" - Guimarães é casa. Eu nasci em Lisboa, mas considero-me vimaranense. A minha infância e adolescência foi lá, entrei no Vitória aos seis anos. Como não gostar do Vitória? Como não ser vitoriano?"
Foi assim que Júnior Franco, em entrevista ao Mais Futebol descreveu a sua ligação ao Vitória, mas também à cidade. Ele que nem nasceu na Cidade Berço, mas que cá chegaria bebé e cedo percebeu a essência do clube, apaixonando-se por este e que fez que com, apenas, seis anos de idade, entrasse nas suas escolinhas.
Seria o início de uma história de amor que teve o seu apogeu num grande ano nos sub-19, onde com 16 golos apontados, pensou-se estar na forja uma estrela para a equipa A. Contudo, na transição para a equipa B em 2014/15 tudo correria ao contrário do que o próprio jogador pensara. Assim, na mesma entrevista, confessou que "faço o primeiro ano de sénior no Vitória, que era o terceiro ano de contrato, na equipa B, com Armando Evangelista. Poucos minutos e lá está: gerir emoções, treinar e não ser convocado, achar que a culpa é de A, B ou C, apontar dedos e olhar pouco para dentro. Chego ao fim da época e não há renovação de contrato." Por isso, "não soube gerir e transportei para o ano seguinte. O início da travessia no deserto."
Uma travessia que começou na AD Oliveirense, onde continuaria sem jogar, ainda que como o próprio tenha assumido "pensava que a culpa era dos outros." Seria o início da longa viagem que o levou pelo Felgueiras, pela Juventude Pedras Salgadas, pelo Gafanha, pelo Famalicão, pelo Fafe, pelo Mafra e pelo Penafiel. Aqui, sofreria uma das maiores contrariedades da sua carreira ao lesionar-se gravemente e a ter a carreira ameaçada, pois, "faltavam três jogos para acabar a II Liga. Eu estava no Penafiel, só tinha esse ano de contrato e enfrento uma paragem nunca inferior a oito meses. Fiquei sem clube." Valer-lhe-ia o Vitória, uma vez que, "na altura, socorri-me do facto de ter jogado 14 anos no Vitória, ter muita gente conhecida na estrutura e que me abriu as portas para eu ter essas condições, que de outra forma não teria, ou para ter significava um gasto grande da minha parte e que não era possível. O Vitória foi o clube que me formou e foi o clube que me deu a mão quando eu mais precisei, inseriu-me nos trabalhos da equipa B, na altura com o mister Moreno."
Seria no conjunto secundário dos Conquistadores que haveria de voltar a ganhar forma para regressar aos relvados e, assim, conseguir um contrato com o Vilafranquense, onde na pré-época voltaria a ter contacto com o infortúnio e a sofrer a segunda rotura de ligamentos da sua carreira.
Mas, verdade, seja dita, Júnior é um lutador. Tirou o curso de treinador, candidatou-se e entrou no ensino superior, em Economia, e recuperou para continuar a jogar futebol. Assim, depois de novamente curado, ingressaria no AVS onde não foi feliz, para rumar ao Marco e, na época passada, ao Tirsense. Aqui, nos Jesuítas, numa época plena, viveria um momento pleno de felicidade. Com efeito, foi da sua autoria um dos golos que eliminou o Elvas nos quartos de final da Taça de Portugal... além do carimbo para as meias finais da prova rainha do futebol português, ficou o doce sabor da vingança de ter ajudado a eliminar a equipa que na eliminatória anterior tinha arredado os Conquistadores da competição.
Haveria de abandonar o emblema de Santo Tirso, para, na presente época, representar a Ovarense da divisão maior dos distritais de Aveiro. Com muitos objectivos e sonhos para além do futebol, fica a certeza que o seu exemplo de resiliência, bem como de capacidade de procurar outros caminhos será inspirador... e isso será um dos mais belos golos que marcou na sua carreira!
