Não nos interpretem mal...
Se na lista de capitães do Vitória estivesse um homem como Tiago Silva, a escolha teria sido acertadíssima pelo seu talento, mas, acima de tudo, pelo modo apaixonado e dedicado como representa os Conquistadores em campo. Aliás, na temporada passada existiram 4 capitães de equipa, sendo que o lugar deixado vago no presente exercício poderia ter sido ocupado pelo número 10 dos Conquistadores.
Porém, os três homens escolhidos para essa missão na época de 2025/26 foram exemplarmente escolhidos, não devendo existir algum vitoriano que se reveja na mesma.
Comecemos pelo capitão de equipa. Será uma felicidade, um clube poder fazer de capitão um dos seus atletas mais talentosos, mas que, acima de tudo, é da terra e nunca conheceu outro emblema. Tomás Handel é esse homem. Um caso de simbiose perfeita com o Vitória, de identificação absoluta com a bancada e a inspiração para muitos meninos que sonham um dia vestir a camisola do Rei e que, depois de percorrerem todos os escalões de formação, equipa sub-23 e equipa B, distingue-se pelas suas capacidades dentro de campo e pelo conhecimento que tem de toda a idiossincrasia vitoriana e como a encarar. Ou seja, em Handel, conjuga-se o talento, a mística, numa irrepetível e inatacável fórmula que poderá ser muito feliz.
Depois os sub-capitães, lugares-tenentes do líder. Ambos com histórias de resiliência e de crença nas suas capacidades e que poderão servir de alento e de inspiração, inclusivamente, a quem na bancada, por momentos, poderá pensar em esmorecer.
Falemos do guarda-redes Charles. Durante duas temporadas foi a sombra de Bruno Varela. Mesmo quando pareceu com possibilidades de ganhar o lugar, fruto da lesão do antigo guardião e capitão dos Conquistadores, tendo vencido o prémio de guardião do mês da Primeira Liga, foi relegado para o banco de suplentes. Continuou a trabalhar com dedicação, com um sorriso nos lábios, sem mostrar revolta por, talvez, não merecer mais oportunidades. Soube esperar pela sua oportunidade que parece estar a chegar.
Por fim, o croata Toni Borevkovic. Ele que foi uma aposta declarada na temporada 2021/22, mas que, na temporada seguinte, nem sequer fez parte do plantel. Voltou na subsequente à espera de colocação, mas, por ela não aparecer, mereceu uma oportunidade no desafio frente ao FC Porto...para não mais sair da equipa. Com espírito de líder, foi-o durante muito tempo pelo exemplo. Por aceitar jogar com uma máscara que o próprio assumia tolher-lhe os movimentos e a leitura de jogo. Mas, acima de tudo, pelo modo de encarar as partidas, sem medo daquilo com que se deparava, que fazia com que a maioria dos adeptos olhasse para ele como um "capitão sem braçadeira."
Assim sendo, pelas suas histórias de Rei ao peito, ainda que todas diferentes umas das outras, os capitães vitorianos não poderiam ter sido melhor escolhidos... que tenham os três êxito na incumbência de liderar as tropas do Rei D. Afonso Henriques dentro dos relvados!