COMO UMA POLÉMICA ARBITRAGEM ESTRAGOU OS PLANOS DE UM JANTAR DE DOIS GRANDES AMIGOS, QUE, APESAR DE TUDO, COMPETIAM PALMO A PALMO PELO MELHOR LUGAR NA TABELA...

Estávamos na temporada de 1982/83...

Sob o comando de Manuel José, os Conquistadores andavam nos lugares cimeiros da tabela, acalentando naquele mês de Fevereiro, o sonho de regressar às competições europeias, 13 anos após a sua derradeira presença.

Assim, depois de ter obtido dois extraordinários êxitos, consubstanciados numa goleada por quatro bolas a uma frente ao Sporting e um sucesso sobre o eterno rival, o Vitória empatara em Espinho, num desafio em que foi perdoada "ao Espinho uma grande penalidade do tamanho da Torre dos Clérigos que a ser transformada, daria o triunfo aos homens de Guimarães", como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 11 de Fevereiro de 1983.

Porém, na partida seguinte frente ao figadal rival Boavista, com os ânimos exaltados pela partida anterior, o "caldo definitivamente entornou", por causa da arbitragem do juiz Mário Luís de Santarém. Segundo o mesmo periódico, tratava-se de "um (...) internacional que há muito deveria estar banido da arbitragem, tal as barracas que tem armado por esse país fora..."

Na verdade, apesar do Vitória ter-se adiantado no marcador graças ao tento de Paulo Ricardo, tratou-se de uma actuação tão "habilidosa", que "começou por perdoar ao Vitória uma grande penalidade que ninguém discutiria, exactamente para poder dizer aos sócios do Vitória que tinha roubado o Boavista e, por conseguinte, o que viesse a acontecer depois não poderia ser tido como intencional."

Deste modo, apesar de ter apontado a grande penalidade favorável ao Vitória que permitiu que Paulo Ricardo abrisse o activo e expulsando o boavisteiro Artur, que se excedera nos protestos, "para compensar (...) o Sr. Mário Luís resolveu actuar pelo Boavista e de que maneira vergonhosa o fez, pois nem sequer teve a habilidade de esconder o seu sujo jogo." Deste modo, "ao Boavista tudo foi permitido (e nas barbas do homem), desde placagens a agressões, com e sem bola..."

Uma actuação que desencadeou a ira dos adeptos do emblema Conquistador, tal como o Povo de Guimarães dessa altura, noticiaria. Na verdade, a juntar ao narrado pelo outro semanário vimaranense, "nunca tínhamos visto um árbitro, depois de uma falta na grande área, a merecer grande penalidade, fazer pala, com a mão na sua testa, para se desculpar com os efeitos do Sol."

Com os vitorianos indignados, quem haveria de sofrer as consequências seria o líder máximo boavisteiro, Valentim Loureiro, a sofrer as consequências, pois, "o público vimaranense, descortinando-o nos camarotes, entendeu culpá-lo." Haveria de ser Pimenta Machado a salvar o seu congénere boavisteiro de maiores embaraços, ainda que com "alguma dificuldade, apesar do apoio da PSP."

O Vitória não conseguia vencer, empatava a um e o Povo de Guimarães concluía que "...tão amigos como são, não puderam, desta feita, concretizar jantar de convívio para o final do jogo. Os associados do Vitória, irritados, entornaram-lhes as sopas..."

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