COMO UM JOGO QUE PARECIA SEM HISTÓRIA, FICOU MARCADO PELO INESPERADO E PELA ACÇÃO DE JOSÉ CUNHA QUE TERÁ EVITADO UMA TRAGÉDIA!

Aquela partida referente à 24ª jornada da época 1988/89 parecia nada ter para ficar na história...

Perante o Leixões, que regressava ao escalão principal do futebol português depois de alguns anos dele arredado, parecia que os maiores pontos de interesse seriam perscrutar se o Vitória voltaria aos triunfos, depois de quatro partidas sem triunfar, entre elas a inusitada eliminação da Taça de Portugal no reduto do Vasco da Gama de Sines, e rever o inesquecível guarda-redes Jesus que, depois de anos ao serviço dos Conquistadores, partira para defender as redes do clube matosinhense.

Todavia, naquela tarde de Sábado, dia 04 de Fevereiro de 1989, e em que o Vitória alinhou com Neno; Nando, Nené, Germano, Basílio; Nascimento, René, João Baptista; Roldão, Décio António e Silvinho, outro facto inesperado ficaria na memória de todos. Até mais do que o regresso aos triunfos, por obra e graça dos golos de João Baptista e de Chiquinho, entretanto lançado na peleja.

Com efeito, como o Notícias de Guimarães narrou só a pronta e decidida intervenção de José Cunha, durante anos a fio o director do campo do Vitória, terá evitado uma tragédia. Com efeito, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães, datado de 10 de Fevereiro de 1989, "em determinada altura do jogo, os adeptos matosinhenses, sem qualquer razão aparente, começaram a provocar distúrbios." Tal teria uma dimensão tão grande que "houve feridos, vedação em baixo..." num conjunto de desacatos que a todos deixou boquiabertos.

Valerá a pena transcrever o escrito no Povo de Guimarães, na Crónica do Zé da Superior, em tom satírico que assim narrou os factos: "Tristes, tristes foram os pescadores que não foram ao mar pra vir práqui fazer asneiras. Nunca vi raça assim, gente. Então entram por aqui dentro feitos donos do Municipal e sem mais nem menos começaram aquela guerra contra a minha superior? Bandidos é o que eles são. Pelo menos 4 pedras, um rádio e 2 bandeiras passaram rente ao meu nariz, e eu queria ver quem pagava os prejuízos à minha Zefa se eu ficasse aleijado? A pobre coitada lá sentada em casa a fazer renda, muito descansada, e eu em perigo de vida no municipal, a ter que me abrigar atrás de 2 gajos gordos que estavam à minha frente? (...) Até o desgraçado do bombeiro comeu, ele que só foi lá pra salvar gente. E inda dizem que nós é que armamos a jiga em qualquer lado? Um gajo ouve cada uma, que até parecem duas!"

No meio da balbúrdia, um homem destacar-se-ia. Aquele que durante anos foi quem cuidou que nada corresse mal durante as partidas caseiras vitorianas: José Cunha. Por isso, Teresa Ferreira, no Notícias de Guimarães, tributava-lhe "o nosso aplauso para a forma corajosa e serena como actuou..." Com efeito, "...sozinho, conseguiu acalmar os adeptos vimaranenses para não se envolverem nos incidentes e talvez tenha chamado a si a atitude que competia às forças policiais." Mais do que o jogo e do regresso aos triunfos, ficava na memória uma inusitada onda de fúria...

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