COMO TOMANÉ ASSINOU PELO VITÓRIA, AINDA QUE OS PRIMEIROS TEMPOS DE PROFISSIONAL FOSSEM DE DESAFIOS PERMANENTES...

Falar de Tomané é falar num dos últimos pontas de lança formados no clube, ainda que os seus primeiros passos como jogador não tivessem ocorrido no Vitória. Aliás, como o próprio confessou em entrevista ao jornal Expresso de 01 de Janeiro de 2022, depois de ter dado nas vistas, num pequeno clube de Fafe, os Justiceiros, esteve durante dois anos numa escola de futebol do Boavista em Amarante.

Até que a sua vida haveria de mudar definitivamente, quando "apareceu um senhor de Fafe, que se chama Manuel, que sempre teve uma boa relação com o meu pai, a falar do Vitoria." Apesar dos pais acharem que tal seria muito mais confortável para o jovem, a verdade é que "chorei nesse dia. Não queria ir, já tinha amigos, já estava habituado e foi difícil, mas acabei por aceitar."

Essa aceitação seria facilitada pelo facto de ter entendido facilmente a essência do clube. Como o próprio referiu, "O Vitória é um clube diferente. Todos os meus colegas eram de Guimarães ou ali de perto, a maior parte torciam pelo Vitória desde pequeninos, tinham aquela mentalidade e aquela coisa de que o Vitória era diferente, não sei explicar. Quando entrei não tinha conhecimento da realidade do Vitória porque nem olhava a clubes, não seguia muito futebol. Mas quando entrei ali, era mais profissional. O Vitoria tinha um complexo, o que eu nunca tinha tido no Boavista, íamos às vezes treinar à Pasteleira. Via-se que o Vitória era um clube maior, com uma dinâmica diferente."

Uma dinâmica que o haveria de seduzir, a ponto de aos 17 anos assinar o seu primeiro contrato profissional com os Conquistadores, onde acordou receber o salário mínimo permitido em futebol. Todavia, naquela altura, que foi simultaneamente a da entrada de Júlio Mendes como presidente, e com o Vitória envolvido em graves problemas financeiros, "o Vitória não pagava. Assinei contrato profissional mas não recebi durante, cinco, seis meses. Já namorava com a minha atual namorada e lembro-me que não tinha dinheiro nem para a gasolina." Uma situação periclitante, atenuada por diversas ajudas. Assim, "os meus avós emprestavam-me o carro, às vezes os meus pais." Por isso, foi tendo as suas conquistas paulatinamente, "a primeira coisa que comprei foi roupa e lembro-me de ter comprado um computador, coisas normais. Depois comprei o meu primeiro carro, um BMW usado, porque não tinha dinheiro para um novo", com dinheiro emprestado pelos avós e pago a prestações.

Assim seriam os seus primeiros passos no profissionalismo vitoriano. Isto quase ao mesmo tempo de ter-se estreado pela mão de Manuel Machado num jogo frente à Olhanense, onde foi utilizado durante 24 minutos, na temporada de 2010/11. Nesse momento, o técnico vimaranense, apenas virou -se para ele, dizendo-lhe “Entra, não tens responsabilidade nenhuma, joga futebol, faz aquilo que sabes e pronto”. Disso lembro-me muito bem. Deixaram-me muito à vontade. Jogadores como o Flávio Meireles que tinham a experiência que tinham, conviver com aquilo que era o futebol profissional, não estava habituado, foi um sonho tornado realidade."

Um sonho que ainda conheceria uma passagem pelo Limianos, na então Segunda Divisão B, que o jogador considerou "uma realidade totalmente diferente a que não estava habituado. No Vitória estávamos numa bolha em que nada acontecia, tinha as melhores condições e vou para uma liga que não é profissional, alguns jogadores são profissionais mas a maior parte trabalhava."

Seria, contudo, com o advento das equipas B que a sua sorte mudaria. Regressado ao Vitória, integraria o projecto, até Rui Vitória apostar nele...e a sua sorte mudar, fazendo dele o ponta de lança da equipa principal. Foram 84 partidas e 12 golos de Rei ao peito e uma paixão para a vida...

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