Era um dos poucos motivos de excitação daquela famigerada temporada de 2006/07 em que o Vitória iria disputar a Liga de Honra.
Na verdade, na profunda remodelação de que o plantel vitoriano foi alvo sob a égide de Luís Norton de Matos, houve espaço para um jovem com nome de Rei do futebol.
Vitor Hugo Gomes Passos, formado entre Boavista e Salgueiros, houvera disputado uma temporada nos juniores do Benfica, antes de rumar ao Vitória. Desde logo se viu que estávamos perante um médio defensivo moderno, como os especialistas gostam de chamar. Na verdade, tinha bom posicionamento, facilidade de integrar as fases de construção da equipa ao que aliava uma boa capacidade de recuperação de bola. Um diamante por lapidar que haveria de beneficiar de uma equipa em crise de identidade e existencial para se afirmar!
Assim, estrear-se-ia à quinta jornada desse campeonato, no triunfo por uma bola a zero frente ao Chaves, graças ao golo do avançado Henrique. Seria o início de um período em que com Norton seria praticamente imprescindível, estatuto que perdeu completamente com Manuel Cajuda na irresistível recuperação rumo ao regresso ao escalão principal.
Apesar disso, Pelé participaria numa verdadeira montra de talentos. Seria convidado para o Campeonato Mundial sub-20 que se disputou na Austrália, numa selecção da qual constavam nomes como Rui Patrício, Fábio Coentrão ou Bruno Pereirinha. Faria boas exibições, salvando-se de um naufrágio colectivo, afirmando que "em nenhum momento passou-me pela cabeça deixar o Vitória. Digo isto, porque não me chegou a ser proposto nada de concreto. É óbvio que todos os jogadores gostam de se sentir cobiçados e eu próprio não posso esconder que tenho o objectivo de jogar a um grande nível."
Porém, a sua partida já estava em cogitação. Passados poucos dias, seria anunciado como jogador do Inter de Milão, sendo rotulado de jogador semelhante a Patrick Vieira, fazendo o Vitória embolsar uma quantia entre 1,5 e 2 milhões de euros. Pouco, para quem era visto como uma das futuras estrelas do futebol mundial, muito para o que seria o seu percurso a partir daí. Contudo, no Inter, ainda, faria 22 jogos, apontando dois golos na Taça de Itália, para, de seguida, ser emprestado aos FC Porto. Começava um trajecto descendente que não mais reverteria, ainda que tivesse durante um dado período da sua carreira, representado os gregos do Olympiakos.
Pele deixaria o futebol com 29 anos, depois de duas temporadas no Anorthosis do Chipre...pouco para quem tanto prometeu!