Será daqueles casos em que o amor foi crescendo...
Pêpê Rodrigues quando chegou a Guimarães, para representar o Vitória, naquela temporada de 2018/19, era, simplesmente, mais um profissional de futebol que iria procurar honrar e respeitar a camisola dos Conquistadores.
Porém, a vida dá muitas voltas...
Apesar de como ter reconhecido em entrevista ao jornal Expresso de 18 de Maio de 2025 que "Fiz uma época muito boa no Vitória de Guimarães e fiquei com expectativas de sair. Eu gostava de jogar na I Liga espanhola. Falou-se de algumas possibilidades, mas nada em concreto e não chegou a acontecer. Depois veio o interesse do Olympiacos.", para onde foi ganhar cinco vezes mais, ainda que hoje assuma que ter deixado o Vitória "é o maior arrependimento" da sua vida.
Todavia, essa partida não afectou o que o coração já sentia. Na verdade, como reconheceu na primeira parte dessa entrevista "foi lá que conheci a minha mulher, a Claúdia. Conhecemo-nos nas redes sociais, começámos a falar, fomos tomar café e começámos a gostar um do outro. Foi já no início do segundo ano no Vitória. Começámos a viver juntos ainda em Guimarães."
A juntar e essa ligação, a certeza que foi no Vitória que ganhou um estatuto que não possuía no futebol português, ele que saíra de Satão para se formar no Benfica e cumpria um ano de tirocínio no Estoril. Deste modo, depois de uma temporada de empréstimo aos Conquistadores, "Acabei os últimos dois, três jogos a titular. Entretanto, o Luís Castro sai e entra o Ivo Vieira, que já no ano anterior, quando vou para o Vitória e ele vai para o Moreirense, me tinha ligado para eu ir para lá. Como apareceu o Vitória, optei pelo Vitória. Quando ele entrou no Vitória, liguei ao meu empresário e disse-lhe que era uma boa opção continuar no Vitória, até para me afirmar. Eles conseguiram fazer o acordo e assinei quatro anos com o Vitória."
Seria, pois tal levaria a que desse o referido salto para o mais forte emblema grego, ainda que aí não houvesse de ser feliz com o antigo treinador vitoriano, Pedro Martins. Com efeito, a ser pouco utilizado pelo treinador português, pediu-lhe para sair em Janeiro desse ano para os espanhóis do Granada. Por isso, como contou, "Fui falar com o Pedro Martins, disse-lhe ser um sonho meu jogar na I Liga espanhola e como não estava a ter o meu espaço no Olympiacos, gostava que ele me ajudasse a sair emprestado para o Granada."
Apesar do treinador ter-se assumido surpreendido com a escolha do jogador, haveria de jogar uma insidiosa cartada. Assim, " O mercado fechava no dia 1 à noite e nós jogámos fora no dia3 1, e entrei meia hora. Entrei bem, estávamos a ganhar 1-0 e acabámos por ganhar 3-1. No dia seguinte, quando fecha o mercado, treinamos de manhã, acabamos o treino por volta do meio-dia, e ele vira-se para mime diz-me: “Podes sair, mas as portas do Olympiacos estão fechadas para ti”. Na altura eu disse “obrigado”, porque fiquei contente, mas o empresário disse-me que já não havia possibilidade de ir para Espanha. Porquê? Porque no dia anterior o Granada colocou pressão, o presidente continuou a dizer que não, eles precisavam contratar alguém e como o meu empresário disse-lhes que não me deixavam sair, no dia 1 eles já tinham um jogador a viajar para Granada para assinar."
Com as portas de Espanha fechadas, haveria de regressar a Portugal para actuar no Famalicão, continuando uma carreira que hoje prossegue no Chipre, no campeão do país, o Pafos FC., ainda que tudo fizesse para poder regressar aos Conquistadores, pois "Tentei ver se havia possibilidade no Vitória, porque apesar de saber que ia receber menos, é um clube diferente pelo qual fiquei com um carinho especial. A minha mulher também é da cidade, temos casa em Guimarães, mas não houve abertura da parte deles para que eu voltasse."
Assim rumaria ao Chipre, onde haveria de ser considerado o melhor jogador da liga cipriota de 2024/25, o seu coração continua a ansiar, acima de tudo, por um regresso. Como o próprio assume, quando questionado qual é ainda o seu maior sonho no futebol, não teve pruridos em responder que seria "conseguir jogar no Vitória", para depois concretizar dizendo que "Onde vou terminar não sei, mas gostava de voltar a vestir a camisola do Vitória, no meu percurso como jogador. Sei que cada ano que passa fica mais difícil, mas fui muito feliz lá e tenho um carinho especial pelo clube."
Quem sabe se o sonho não se torna em realidade?