Como já aqui escrevemos várias vezes, a temporada de 2000/01 prometia muito. Pela aposta declarada que Pimenta Machado fez nessa temporada e pela contratação do consagrado treinador Paulo Autuori que, com ele, trouxe nomes consolidados no panorama futebolístico do lado de lá do Atlântico.
O primeiro jogo desse ano era um apetecível derby, em Braga. Um jogo que se esperava de afirmação, mas que ao Vitória tudo correu mal... por uma escandalosa arbitragem de Lucílio Baptista e por uma entrada assassina do defesa central do adversário, Artur Jorge, que nos dias de hoje é o seu treinador, e que aos cinco minutos inutilizou por muitos meses o avançado Manoel, uma das grandes esperanças para a temporada.
A alinhar com Tomic; Paiva, Paulão, Márcio Theodoro, Rogério Matias; Preto, Fredrik, Pedro Mendes; Fangueiro, Maurílio e Manoel, o Vitória, logo aos cinco minutos, sentiu que iria ter uma noite deveras complicada, quando a entrada do agressivo defesa do adversário passou impune. Uma entrada tão inapropriada entre colegas de profissão que Paulo Autuori, no final da partida, em declarações à comunicação social referiu que "sobre a lesão do Manoel deve-se é falar da entrada que o jogador sofreu. As pessoas falam muito de futebol, falam disto e daquilo, mas deixam de falar nos assuntos mais claros e evidentes, como foi hoje o caso. (...) Hoje a entrada sobre o Manoel foi para matar , é aquela ideia clara que existe no futebol português que é preciso intimidar logo no início, porque aí o jogador não é expulso. Foi uma entrada criminosa, porque o jogador está com sérios problemas no joelho." A indignação era corroborada pelo médico vitoriano, Salazar Coimbra, que em dia de estreia com as cores do clube do Rei, referia que "sofreu uma pancada por trás do defesa do Braga, uma pancada que considero muito maldosa, ao ponto de provocar-lhe uma lesão que o impossibilitou de continuar em jogo. Fez uma entorse no joelho direito e uma lesão no ligamento colateral interno do joelho." Um acto bárbaro que passou impune!
O jogo continuaria com Lucílio a assumir o papel de mais-valia do conjunto adversário. Assim, perdoou uma grande penalidade aos arsenalistas, quando Artur Jorge, que, como já vimos, nem em campo deveria estar, agarrou Fangueiro dentro da área, quando este estava isolado. Nem falta seria, com o juiz a fazer vista grossa a uma clara infracção. Cometeria igual erro, aos 82 minutos da contenda, quando o Vitória já em desvantagem no marcador, o sueco Fredrik, depois de se isolar, seria rasteirado por Barroso dentro da área. O juiz, a 40 metros do lance, mal colocado e com reduzida visão, em vez de apontar para o ponto de castigo máximo, mostraria o segundo amarelo ao jogador vitoriano, expulsando-o! Um verdadeiro escândalo, em que o golo do malogrado Féher ajudou a dar contornos de ainda maior indignação nas hostes vitorianas ao roubo de que tinham sido alvo.
No final da partida, Pimenta Machado deu voz ao desagrado dos Conquistadores ao afirmar que "o árbitro falseou completamente o resultado e os árbitros auxiliares colaboraram. O Vitória está a crescer, está com uma boa equipa e, à partida, é algo para deitar abaixo. É por isso que o futebol português não tem credibilidade alguma." Concluiria dizendo que "quando o treinador pede jogadores para lutar pelos lugares cimeiros. Quando a direcção resolve contratar jogadores para corresponder às expectativas do treinador e quando isto começa a ser público e os árbitros começam logo, à partida, a deitar para trás."
A verdade é que era o primeiro momento melindroso de um ano extremamente difícil para o Vitória... muito mais sofrimento haveria de vir!