Estávamos na temporada de 1954/55.
O Vitória orientado pelo treinador tricampeão nacional pelo Sporting, Randolph Galloway, depois de ter-se estreado a perder por duas bolas a uma em Évora, perante o Lusitano, recebia na "sua" Amorosa, o Benfica orientado por uma das maiores referências dos bancos em Portugal, ainda que sendo brasileiro, Otto Glória.
A alinhar com Lobato; Cesário, Francisco Costa; Rebelo, Cerqueira, José da Costa; Lara, Daniel, Juanin, Miguel e Rola, os Conquistadores disputaram uma partida que, no dizer, do jornal A Bola de 20 de Setembro de 1954, "teve interesse do primeiro ao último minuto, foi viva, mexida, entusiástica, de forma a prender o espectador e a deixar satisfeita a crítica, naturalmente tolerante quanto ao nível técnico de um futebol que em vez de ser uma utopia, constitua, ao contrário, coisa possível "naquele campo" e... numa segunda jornada do campeonato."
Mas além disso, nesse dia, o Vitória "foi e será sempre um adversário difícil no seu campo (...)". Para isso, muito contribuíram o entusiasmo e ardor colocados na peleja, garantindo um triunfo absolutamente justo, nos dizeres da crónica, por duas bolas a uma, graças aos bis de Rola. Este, era avaliado como sendo "um extremo rápido e perigoso, pela sua corrida e óptimos pés - um caso sério quando são aplicados na inversa da faixa do terreno -o esquerdo da direita e a direita da esquerda". Mas, além disso, merecia destaque a estreia do guarda-redes espanhol, Lobato, que "mostrando-se elástico e maleável, embora com o senão de cultivar a espectaculosidade, que quando mal sucedida, é fatal."
Atendendo à excelência da exibição, concluía-se que o "resultado está certo." Ninguém poderia era prever que, após este momento absolutamente épico, o Vitória iria estar onze partidas sem conhecer o sabor do triunfo, "cavando um buraco" que o ajudaria a ser despromovido no final da temporada. Coisas do futebol...