Naquela temporada de 2002/03, o Vitória terá praticado o futebol mais belo do presente século.
Com efeito, a equipa orientada por Augusto Inácio, graças ao ousado sistema táctico preconizado que passava por um 3-5-2 em que os avançados apostavam na mobilidade e em constantes trocas de posições com os médios, davam cartas, jogavam bem...e, não obstante algumas comprometedoras escorregadelas como a que sucedera perante o Varzim na semana anterior antes do Clássico, andava pelos lugares mais altos da tabela.
Assim, se chegou aquele dia 02 de Novembro de 2002, um Sábado de intempérie em que os Conquistadores foram capazes de inundar o Estádio 1º de Maio de um futebol sedutoramente inebriante, feito de rapidez, de passes bem medidos, de futebol geométrico e racional...e golos, muitos golos, o que, no fundo, será sempre o leit-motiv de uma partida de futebol.
A alinhar com Palatsi; Cléber, Ricardo Silva, Rogério Matias; Bessa, Rui Ferreira, Pedro Mendes, Nuno Assis, Djurdjevic; Rafael e Romeu, como escreveu o Notícias de Guimarães, "os comandados de Augusto Inácio reagiram da melhor forma às expectativas criadas, deixando na água as intenções arsenalistas..."
Tal seria confirmado "pelo golo madrugador" de Pedro Mendes, que "galvanizou os vitorianos para uma primeira parte de luxo" e que "ao longo do primeiro tempo teve astúcia para construir um tranquilizador resultado para encarar a segunda parte". Uma verdadeira apologia dos sentidos, consubstanciada pelo segundo e terceiro tento, apontados por Romeu (que haveria de sair lesionado ainda antes do intervalo) e por Nuno Assis. Ao intervalo, o Vitória vencia por três bolas a zero e encharcava a cidade vizinha com o perfume do seu futebol!
Na segunda parte, apesar da reacção bracarense logo no início com a redução no marcador, Rafael haveria de matar definitivamente as pretensões adversárias, que, mesmo assim, ainda haveriam de apontar outro tento.
O Vitória vencia por quatro bolas a duas, confirmava ter ambições para um ano em grande e Augusto Inácio dedicaria o triunfo aos adeptos, dando-lhes os parabéns e dizendo "que a vitória era para eles”. Ainda assim, deixava o lamento pela arbitragem de Carlos Xistra ter sido "à Xistra", já que admoestara oito jogadores do Clube do Rei com cartões amarelos. Assim, "ao contrário do que possam pensar, sou hoje um treinador triste. Vi jogadores a quererem jogar futebol e não uma batalha campal. Os meus jogadores foram uns heróis."
O Vitória, apesar de tudo, saía com um rasgado sorriso de Braga...
