COMO O VITÓRIA COMEÇOU A PERDER UM DECISIVO JOGO EM PAÇOS DE FERREIRA, POR CAUSA DO PRESIDENTE DA ÓRGÃO QUERER A TODOS PROVAR A SUA IMPARCIALIDADE!

Na fotografia apresentamos o Juiz Narciso Machado. Vimaranense e vitoriano, seria um dos símbolos da purga que Pimenta Machado no início da década de 90 do século passado queria levar a cabo nos órgãos federativos e que fizeram com que nomes como Raúl Rocha ou Dinis Monteiro desempenhassem funções federativas, dando um enorme poder à AF Braga.

Porém, Narciso Machado seria vítima da força da AF Porto que, na altura, controlava o futebol nacional.

Com efeito, na semana que o Vitória deveria deslocar-se a Paços de Ferreira, para naquela temporada de 1992/93, disputar um decisivo jogo de fuga aos lugares inferiores da tabela, a bomba explodiu na Capital do Móvel: o estádio da equipa pacense houvera sido interditado, frutos de incidentes ocorridos nas bancadas num desafio frente ao FC Porto e que levou a que até guardas da GNR fossem agredidos, obrigando-a a receber o Vitória em Vila Real, o que fez com que ligassem tal decisão ao facto do presidente do órgão decisório ser vitoriano. A determinar a decisão do órgão esteve, ainda, o facto de "em Paços de Ferreira era a 3ª vez quase consecutiva que havia incidentes graves. Primeiro, o árbitro Vítor Pereira foi agredido no Paços de Ferreira/Tirsense e o Presidente do Paços foi castigado e o clube isento (...) Depois num Paços de Ferreira/Benfica há graves agressões a dirigentes do Benfica..."

Porém, desde logo aí existiu um erro, como o Povo de Guimarães de 26 de Fevereiro de 1993 referiu. Assim, "o estádio do Paços de Ferreira devia ter sido interditado pelo relatório do árbitro. Não aconteceu assim, porque nos jogos entre equipas da AF Porto, há sempre árbitros do Porto para estes beneficiarem os mais fortes, mas escreverem o mínimo possível compensando os mais fracos que são prejudicados."

Atendendo a isso, teria de ser o Conselho de Disciplina a agir. Fê-lo, suscitando a indignação dos Castores que acusaram que tal castigo fora ditado de forma isolada por Narciso Machado que, segundo José Gomes, presidente do Paços de Ferreira, fora pressionado por Pimenta e consequentemente pelo Vitória para assim decidir.

Assim, para demonstrar a sua imparcialidade, Narciso Machado faltaria propositadamente à reunião que deveria ratificar a decisão. Esta com um número par de conselheiros presentes, levaria a uma votação de três votos a favor e de três contra. Seria, por isso, o voto de qualidade do vice-presidente a levantar a interdição. Tal levava a concluir-se no Povo de Guimarães que "a ausência do Dr. Narciso Machado da reunião do Conselho de Disciplina permitiu que a AF Porto, apenas, com mais dois votos vindos de seus aliados de sempre, revogasse uma interdição preventiva de um estádio baseada num relatório insuspeito da G.N.R. de Penafiel, que relatava agressões graves a três dos seus agentes." Na verdade, "o Juiz Narciso Machado acreditou que ausente teria cinco votos a favor e só um contra do representante da A.F.Porto. É evidente que se enganou , foi fácil ao Porto mexer-se e virar dois votos."

Por esse golpe de teatro, a equipa vitoriana, orientada por Pedroto, teria de se deslocar a Paços de Ferreira. Aí, a alinhar com Jesus; Quim Berto, Germano, Matias, Tanta, Basílio; N´Dinga, Basaúla, Pedro Barbosa; Alexandro e Dimas e apoiada por "milhares de adeptos vitorianos deslocaram-se no passado Domingo à Capital do Móvel, para apoiarem o seu clube, que muito precisava de facto. Ou por autocarros cedidos pela Câmara Municipal ou através de viatura pessoal..." Não obstante isso e algumas boas oportunidades iniciais, o Vitória acabaria por ser derrotado por uma bola a zero, ficando próxima do abismo. Tudo houvera começado naquela reunião em que um castigo de interdição fora revertido!

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