COMO NAQUELA DIFÍCIL TEMPORADA, GESTOS DE CAVALHEIRISMO COMPROVAM QUE O FUTEBOL ERA DIFERRENTE DO QUE É HOJE, MAS CONFIRMOU QUE QUEM VEM POR BEM A GUIMARÃES É BEM RECEBIDO!

Aquela temporada de 1944/45, a última em que Alberto Augusto desempenhou um dos papéis mais importantes da história vitoriana, foi terrível.

Depois de apurado para o principal campeonato do país, graças a mais um triunfo nos campeonatos distritais, o Vitória até começou bem o campeonato com dois triunfos nas três primeiras jornadas, o que fazia augurar um campeonato bastante razoável.

Porém, a goleada por uma dezena de golos no Porto à quarta jornada faria abalar toda a estrutura, levando a que nos catorze jogos subsequentes do campeonato - na altura, fruto do nacional ser disputado, por apenas, dez equipas, só se jogavam dezoito jornadas - os Conquistadores só triunfassem por duas vezes. Uma delas vingando a goleada da primeira volta, batendo os Dragões por três bolas a zero, numa história já aqui contada, e seis jornadas antes perante os algarvios da Olhanense, que, nessa viagem a Guimarães comprovaram o quão era diferente o futebol de então para o de hoje.

Deste modo, no dia 07 de Janeiro desse ano, com os Conquistadores a alinharem com Machado; Curado, João; Dias, Zeferino, José Maria; Arlindo, Miguel, Brioso, Ferraz e Alcino, a partida até nem começou especialmente bem com a turma algarvia a adiantar-se cedo no marcador. E esse seria o resultado ao intervalo. Contudo, como escreveu o Notícias de Guimarães de 14 de Janeiro de 1945, "na segunda metade as coisas inverteram-se, quando muitos esperavam talvez o contrário." Com efeito, "os vimaranenses entraram a jogar com admirável entendimento e decidida vontade, geraram lances sobre lances que enlearam o adversário, obrigando-o a adoptar um estado de nervosismo que se veio a reflectir na toada de dureza que adoptaram e no resultado final." Resultado final esse que, a equipa vitoriana haveria de virar graças aos golos de Miguel e de Brioso, que, segundo as crónicas de então, foram absolutamente merecidos.

Porém, mais do que o saboroso êxito vitoriano que seria o único numa sequência de nove partidas, ficaria o sucedido após o jogo. Com efeito, a comprovar que o futebol era diferente dos dias de hoje, "os Rapazes de Olhão permaneceram durante a semana nesta cidade, tendo retirado ontem para o Porto onde jogam hoje." Assim, durante essa semana que passaram na Cidade Berço, "foram cumulados de gentilezas por parte dos dirigentes do Vitória e da população citadina. Foi-lhes oferecido um passeio à Penha e um jantar a que também assistiram os jogadores do grupo de honra do Vitória."

Concluía-se, pois, que era assim que "Guimarães responde aos detractores da sua hospitalidade, pois nunca aqui ninguém entrou que usando de correcção fosse maltratado ou mal recebido."

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