Estávamos na temporada de 1944/45...
Naquele dia 18 de Fevereiro de 1945, o Vitória recebia o FC Porto no Benlhevai, com o desejo de demonstrar o que acontecera na primeira volta fora um mero dia não.
Na verdade, nesse jogo, disputado no Campo do Lima, os portistas tinham triunfado por dez golos sem resposta, ainda que o êxito tivesse sido precipitado pela rude entrada do portista Pinga sobre o açoriano Garcia que lhe partiu uma perna, obrigando o Vitória a actuar a maior parte do desafio com dez unidades, ainda que segundo a Stadium de 20 de Dezembro de 1944, "apesar de, a partir da meia hora, jogar sem eixo da linha medular conseguiu atingir o intervalo com as redes puras. Compreende-se, porém, o que isto representa em sacrifício físico. O team tinha jogado o que podia jogar no primeiro tempo. Daí por diante, seria crueldade exigir-lhe mais, continuando no campo por dever de ofício." Assim, em 34 minutos, entre os 50 e os 84 minutos, os azuis e brancos apontaram a dezena de golos que desencadeou em todos os Conquistadores um profundo desejo de vingança.
Por haver essas contas a ajustar, bem como demonstrar que aquele surreal e infeliz resultado houvera surgido de modo injusto e até algo insidioso havia que dar tudo na partida da segunda volta. Assim, segundo a revista Stadium de 21 de Fevereiro de 1945, a equipa vitoriana colocou "em relevo o entusiasmo, energia e vontade" que tinha para o jogo. E "se as tinha não perdeu a oportunidade."
Deste modo, a alinhar com Machado; Curado, João; Dias, Zeferino, José Maria; Laureta, Miguel, Alexandre, Ferraz e Alcino, o Vitória foi um conjunto que roçou a perfeição. "Toda a defesa, unida e dura, se soube antecipar, nos momentos perigosos, aos avançados portuenses (...) e a linha avançada correspondeu a semelhante comportamento, desenvolvendo esquemas bem elaborados com parte activa e brilhante do seu extremo esquerdo. Por outro lado, esta linha atacante ainda teve o mérito de traduzir praticamente o seu labor de belo efeito." Labor esse, que seria consubstanciado em três golos de sem resposta, obra de Ferraz e de um bis de Alcino, no, provavelmente, mais saboroso triunfo dos quatro obtidos nessa temporada.
O Vitória vingava o que houvera passado no Porto e obtinha um dos quatro triunfos que conseguiria nessa temporada...todos na caixinha de fósforos do Benlhevai.