COMO UMA INJUSTA DERROTA EM ALVALADE, FEZ A IMPRENSA VIMARANENSE REFLECTIR SOBRE OS COLEGAS NACIONAIS E OS DÍSPARES TRATAMENTOS DADOS AOS DIFERENTES CLUBES...

A temporada de 1958/59 sobre o comando de Mariano Amaro foi a do regresso do Vitória ao principal escalão do futebol português.

Pese embora, a pesada derrota sofrida pelo Vitória na primeira jornada frente ao Benfica, a verdade é que a equipa Conquistadora foi capaz de arrepiar caminho, ocupando os lugares mais altos da tabela, numa clara manifestação de qualidade que a todos surpreendeu.

Contudo, depois de uma primeira volta em que só foi derrotada, ainda que pesadamente, nos estádios da Luz e das Antas e em casa com a Amorosa, a segunda parte do campeonato trouxe outros percalços, que impediram que o conjunto vitoriano fosse além do quinto lugar final, ainda assim um desempenho meritório para o conjunto vimaranense.

Nessa quebra final, destaque para uma série de sete jogos em que a equipa sofreu cinco derrotas, apenas conseguindo bater o Barreirense e o Lusitano de Évora, averbando desilusões em Belém, em Braga, em Setúbal, em casa com o FC Porto e, por fim, em Alvalade, perante o Sporting.

Nesse dia 15 de Fevereiro de 1959, a alinhar com Sebastião; Virgílio, Abel; Barros, Silveira, João da Costa; Bártolo, Edmur, Ernesto, Carlos Alberto e Rola, " os Conquistadores, segundo o Notícias de Guimarães de 22 de Fevereiro desse ano, deram boa conta de si, pelo que o resultado final de quatro bolas a uma a favor dos Leões, de pouco valendo o golo de Edmur, "foi exagerado para as cores vimaranenses, pois ao Vitória coube o melhor período do jogo, onde só pecou em não marcar, dando, pelo contrário, ensejo ao adversário para fazê-lo com facilidades incompreensíveis."

Mas, mais do que isso, "o quarto lugar ficou um pouco distanciado agora...", ainda que nada pudesse apagar o belo campeonato feito pela equipa vitoriana.

Todavia, nem todos pensavam assim. Bastará consultar o aludido periódico, que num naco de prosa arrasador, colocava o dedo numa ferida que, ainda, hoje, continua por cicatrizar: "É ver certa arbitragem e a sua influência em certos resultados. Se um grande é prejudicado, não se calam os órgãos de informação com o badalar da divulgação do facto, mas se, pelo contrário, é um pequeno o atingido, o caso é dado como acidental, fortuito do jogo, sem interesse, em curta referência, lançando-o imediatamente para a zona do esquecimento.

(...)

Se um jogador dum Clube provinciano sofre uma punição, é tida sempre como acto de justiça, mas quando um dos grandes a sofre também é de ler entrevistas justificativas da falta cometida e de ver também artigos interpretativos da legislação em vigor, capazes de transformarem tudo num aspecto diferente.

Se uma onda de lesões diminui uma equipa das pequenas é caso que passa quase sem referência ou é justificado pelo argumento de falta de reservas, mas se um jogador dos grandes se vê afastado por doença, lá temos, em grandes parangonas também, as referências, as justificações, e, quantas vezes até, a lição de ensaio, a análise de hipóteses capazes de colmatar a brecha aberta."

Caso para perguntar, o que mudou em 65 anos? Pois, bem nos parece que a resposta que todos darão será similar...

Postagem Anterior Próxima Postagem