Diz quem o viu jogar que terá sido um dos jogadores mais extraordinários que levaram o Rei ao peito. Ainda que só actuasse no Vitória durante, apenas, uma temporada, Djalma foi capaz de incendiar multidões, marcar golos de antologia e fazer crer os vitorianos numa utopia chamado títulos.
Contudo, o genial avançado brasileiro, que na sua juventude foi ajudante de telegrafista, e que em sénior dividira a sua carreira entre o Sport Recife e o São Paulo, esteve quase para rumar a Portugal, anos antes de conhecer o Vitória, mas para...o Sporting da Covilhã. Na verdade, a ilusão do El Dorado português já mexia com o jogador que em entrevista à Revista ídolos, diria que "Há muito tempo já que eu ia tendo notícia do sucesso que patrícios meus iam tendo em Portugal. Ganhavam bom dinheiro, tinham fama como no Brasil dificilmente se poderia conseguir, andavam nas palminhas dos adeptos das equipas que representavam e faziam grande inveja p'ra gente que nunca saía da cepa torta."
Por isso quando Eduardo Cardoso, presidente do Sport Recife, comunicou-lhe do interesse do Sporting da Covilhã disse logo que sim, que embarcaria na aventura serrana de bom grado. Parecia tudo feito e a história encaminhar-se para um destino diverso daquele que conhecemos, até que o líder do clube teve um inesperado rebate de consciência. Na verdade, sendo português e natural da cidade no sopé da Serra da Estrela, "acabou por me dizer que não queria ficar mal visto no clube, por ter ajudado a minha saída para a sua terra natal."
Assim, Djalma teria de continuar no Brasil já a contragosto, até que, num dia, "estava ele num café, quando António Pimenta Machado, vimaranense que tem um dedo muito especial para arranjar bons jogadores para o Vitória minhoto (...) lhe falou na hipótese de viajar até Guimarães."
Aceitaria de imediato, chegando a afirmar "que viria por qualquer preço que era só questão do Recife abrir mão do seu passe. E como o Sport Clube do Recife não quis prejudicar a vida do seu jovem jogador (...) Djalma Nascimento de Freitas fazias as malas, apanhava o avião, desembarcava em Lisboa, corria para Guimarães e, pronto, estava a sua sorte lançada no futebol português." Para entrar na história do futebol português, ao marcar na sua estreia dois dos quatro golos do triunfo do Vitória vimaranense sobre o seu homónimo sadino e encetar uma temporada que, ainda, hoje é recordada por quem a viveu...

