Jogar no recinto do Benfica não foi fácil.
Fosse pelas dificuldades causadas naturalmente pelo adversário, fosse pelas tradicionais "ajudinhas" dadas pelos homens de negro vestido e de apito na boca, a verdade é que o Vitória sempre apresentou dificuldades nos encontros que disputou em Lisboa. Refira-se, contudo, que ao invés, no Benlhevai, na Amorosa e no actual recinto sempre conseguiu ser capaz de causar inúmeros problemas ao adversário lisboeta.
Porém, as dificuldades no recinto do adversário sempre foram tantas, que só em 1994/95 é que foi capaz de conquistar o reduto adversário, vencendo por três bolas a uma.
Porém, muito antes disso, surgiu a primeira vez que os Conquistadores foram capazes de pontuar no recinto rival. Onze anos depois de terem ascendido ao principal escalão do futebol português.
Assim, nesse dia 06 de Dezembro de 1953, em desafio referente à temporada de 1953/54, os homens orientados por Cândido Tavares surpreenderam o país, ao conseguirem recuperar de uma desvantagem de duas bolas sem resposta, para garantirem um saboroso ponto.
A alinhar com Manolo; Cesário, Francisco Costa; Cerqueira, Rebelo, José da Costa; Rola, Caraça, Miguel Diogo, Lara e Bibelino, a equipa. vitoriana foi de uma tenacidade a toda a prova. Assim, depois de, provavelmente, a maior estrela do futebol português da altura, Rogério Pipi, ter aberto o activo aos dez minutos para ampliar a vantagem no início da segunda metade, em dois escassos minutos a festa seria vitoriana. Caraça aos 57 minutos e Rola aos 59, numa altura em que ainda era mais difícil pontuar no reduto dos mais titulados do que hoje, fizeram o país abrir a boca de espanto e resgatar, pela primeira vez na história, pontos na visita ao Estádio da Luz.
Um momento histórico que não teria continuidade no jogo seguinte fora da Amorosa, com a equipa a sofrer uma das maiores goleadas da sua história no Porto, por dez bolas sem resposta.
O Vitória haveria, contudo, de acabar o campeonato num tranquilo oitavo posto entre catorze participantes...