COMO CÂNDIDO TAVARES FEZ A CONFIANÇA VOLTAR AO CORAÇÃO DOS VITORIANOS, APÓS DUAS PARTIDAS TERRÍVEIS...

A temporada de 1953/54 foi a última de Cândido Tavares ao serviço do Vitória.

O treinador que chegara no ano anterior e que se celebrizara por ter criado as inesquecíveis Classes de Ginástica, viveu um ano difícil, com especial incidência para o ocorrido na viragem do ano e na primeira partida do novo ano, em que os Conquistadores, em duas partidas, encaixaram quinze golos (dez em casa do Porto e cinco, na Amorosa, do Sporting). Na verdade, tal revestiu-se de inesperado, pois, antes desses dois desaires, a equipa vinha de seis contendas consecutivas sem conhecer a derrota, conseguindo mesmo empatar com o Benfica a dois ou vencer o Barreirense por três bolas a zero.

Deste modo, o jogo em Évora frente ao Lusitano revestia-se de capital importância para a equipa vitoriana sacudir os fantasmas de uma espiral completamente negativa. Assim, naquele dia 10 de Janeiro de 1954, a equipa composta por Meca; Silveira, Cesário; Queiroz, Rebelo, José da Costa; Juanín, Bibelino, Lara, Caraça e Miguel, segundo o Notícias de Guimarães do dia 17 desse mês e ano, haveria de alcançar "um triunfo justo e merecido."

Para isso acontecer, "os minhotos trouxeram para Évora a lição na ponta da língua, como soe dizer-se." Lição, essa, consubstanciada pelos golpes vencedores de Juanín e Caraça que feriram de morte o adversário, graças a "uma formação bem preparada física, técnica e tacticamente, em que cada jogador se preocupou em estar constantemente em movimento, passando rapidamente para o melhor sítio", tal como escreveu o cronista do Diário Popular na análise à partida.

Porém, mais do que isso, tal serviria para acalmar os ânimos no Berço da Nação, já completamente inflamados pelas duas goleadas consecutivas sofridas. Assim “depois de sofrer quinze golos e duas derrotas, o Vitória foi a a Évora vencer...". Por isso, "os ânimos serenaram e a confiança voltou aos corações." Por isso, "Cândido Tavares, mais uma vez, conseguiu reduzir a zero o abundante número de técnicos que bruscamente apareceram nos nossos cafés durante o período que abrangeu as duas jornadas em que fomos vencidos. Antes assim!..."

A equipa encontraria a paz, ainda que na jornada seguinte houvesse de empatar dois com o sempre eterno rival...

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