O ano de 1971/72 no Vitória foi determinante para toda uma década.
Com efeito, depois do falhanço que fora a temporada antecedente, urgia renovar uma equipa envelhecida, que tinha disputado e vencido muitas batalhas na década anterior, mas que precisava de ganhar novo fôlego.
Assim, as partidas de homens que tinham sido determinantes em anos anteriores como Zézinho, Bernardo da Velha ou Ademir foram contrapostas com as chegadas de jogadores que se haveriam de tornar importantes no conjunto Conquistador como Custódio Pinto, Manafá, Romão, Hélder Ernesto e, principalmente, o goleador Tito, contratado por 500 contos à União de Tomar, pagos em 25 prestações de 20 contos cada.
Mas, além dos jogadores, o Vitória, depois do regresso em falso do treinador Jorge Vieira que seria substituído a meio da temporada por Peres, que desempenhou as funções de jogador-treinador, tinha de encontrar um treinador que lhe desse garantias. A aposta recairia em Mário Wilson, recrutado ao Tirsense, e que, ainda hoje, é o técnico que mais vezes orientou o Vitória na sua história. Foram 193 as vezes que se sentou no banco dos Conquistadores, até abandonar definitivamente o clube durante o exercício de 1978/79 e impedido em Assembleia-Geral de alguma vez, voltar a ser seu treinador.
A época começaria bem melhor do que a anterior correra, com um êxito por duas bolas a zero frente ao Barreirense, com o avançado Tito a bisar, facturando os dois primeiros dos 103 golos que realizou de Rei ao peito, e a começar a justificar a sua contratação. Era um "começo auspicioso", como o jornal Notícias de Guimarães de 18 de Setembro de 1971 escrevia e que haveria de ser confirmado nas cinco primeiras etapas da prova principal do campeonato português, com a equipa a, apenas, perder na Académica e a averbar três triunfos. O Vitória colocava-se no quarto posto da tabela e tudo parecia correr sobre rodas....
O pior, porém, viria depois... seis partidas consecutivas sem vencer e a obter, apenas um empate nesse período em casa frente ao homónimo sadino, fizeram o conjunto vitoriano resvalar para o 12º posto entre os 16 participantes do campeonato. A remontada, contudo, chegaria em grande estilo com uma goleada por sete bolas a uma perante o Tirsense com Tito a apontar quatro golos e fazendo a equipa entrar num período mais tranquilo que a fez acabar a primeira volta da prova a meio da tabela num oitavo posto.
A segunda volta, essa, seria praticamente a exaltação da regularidade. O Vitória venceria cinco partidas, com especial destaque para o triunfo nas Antas, frente ao FC Porto, numa grande tarde de Jorge Gonçalves que marcou os dois golos vitorianos, empataria seis e perderia quatro, sendo que a derrota em Tomar por três bolas a duas na penúltima jornada matou a ilusão de se qualificar nos cinco primeiros lugares e garantir o regresso europeu e que levou a que o jornal Notícias de Guimarães apresentasse o lamento de que "foi pena"...
O Vitória acabaria o ano a triunfar frente ao Boavista e a garantir o sexto posto à frente do Belenenses.... era a desejada retoma, depois de um ano atribulado, e que levava o jornal A Capital a escrever que "Depois da má experiência da época passada, em que a desclassificação chegou a estar à vista, os vimaranenses terão pensado: até porque estamos aqui (na divisão maior) convém saber para o que estamos e como devemos estar..." E estaria a modo aceitável, lançando bases para uma década em que, apesar de não ter alcançado as desejadas competições europeias, foi capaz de ombrear com os emblemas mais titulados do país...
