COMO, A FRIO, TENTAMOS ANALISAR SE AINDA VALE A PENA ACREDITAR EM LUÍS PINTO...

I - Luís Pinto é um jovem. Um jovem ambicioso, apaixonado pelo que faz, desejoso de progredir na carreira de treinador. Por isso, depois de um óptimo trabalho em Tondela, como haveria de dizer que não a um clube que lhe dera sinais de o querer muito, inclusivamente, durante a temporada anterior? Um clube que, apesar das propaladas dificuldades financeiras (ainda que gaste 1,3 milhões de euros em jogadores como Vando Félix ou 1,2 em Blanco), nao hesitou em pagar para passar a contar com ele.

II - Chegado a Guimarães, ter-se-á deslumbrado. Ganhou tiques de Guardiola, querendo, em linguagem automobilística, querido colocar um utilitário a competir contra os WRC. O seu estilo de jogo inicial, mantido até ao desafio de Moreira de Cónegos, demonstrou um visionário, a viver numa dimensão paralela e incapaz de se adaptar à realidade com que se deparava. No fundo, a ânsia de querer justificar, a todo o custo a sua contratação, levou a uma borrasca épica... que, pelos vistos, só a muito custo foi aparada.

III - Em abono da verdade, só um treinador a necessitar de se afirmar aceitaria o que aconteceu a Pinto. Imaginem o que era colocar Xabi Alonso no Real a fazer a pré-temporada com Huijsen, Bellingham e Vinicius e até ao período de transferências tirarem-lhe os três. Como reagiria o treinador? Aceitaria de bom grado esse facto? Limitar-se-ia a alinhar o discurso com quem manda para tentar a felicidade?

A verdade é que as dificuldades do Vitória não se devem só à incapacidade do treinador vitoriano, mas, também, como foi apanhado de "calças na mão", depois de perder Borevkovic, Tiago Silva e Handel... quando na pré-temporada já tinha perdido nomes importantes como Relvas.

IV - Porém, Pinto não se importou com elas. Alinhou o discurso, mas tornou-se errante na orientação da equipa. Ora, faz de Strata opção como nem o leva para o banco. Ora, aposta em Lebedenko como reabilita João Mendes. Ora, dá palco a Mitrovic que corresponde com um golaço no derby como o faz desaparecer. Ora, manda Miguel Nogueira para a equipa B após o estágio inicial no conjunto principal, como do nada o chama para a titularidade na A, como, sem razão plausível, o encosta, deixando de actuar em qualquer um dos conjuntos. Ora, leva Camara a principal estrela da pré-temporada como o encontra de súbito, para o voltar a lançar..e até fazendo dele ponta de lança. Em suma, o experimentalismo dos iniciantes no célebre jogo do Fotball Manager, em busca da fórmula mágica que permita vencer uns joguitos... mas, numa equipa de futebol profissional, com objectivo, e capaz de meter 26000 pessoas num jogo de futebol.

V - Refiramos, agora, a leitura de jogo do banco. É verdade que este plantel vitoriano não tem a qualidade de outros anos. Por muito que nos custe, não tem! Aliás, não sabemos como espera o presidente do clube obter as desejadas receitas extraordinárias para ter uma época financeira sem sobressaltos neste cenário. Mas, quantas vezes, depois do treinador mexer na equipa, esta ficou pior? Foi assim em Moreira, foi assim em Famalicão, foi assim ontem, numa sucessão de erros provenientes do banco de suplentes, que faz qualquer um na bancada sentir que, se o Vitória é apanhado em desvantagem, a remontada será quase impossível!

VI- Acresce, ainda, o discurso. Um discurso redondo, sempre ao mesmo tom. Antes da partida de ontem, percebia-se que o treinador do Vitória tem dificuldades em ver os jogos que os adeptos vêm na bancada. A análise do jogo de Famalicão nada teve a ver com o que se passou em campo. O modo como a equipa foi preparada para o jogo de ontem assim confirmou. Uma equipa receosa, "a jogar ao ataque, fechadinha cá trás", como diria Jaime Pacheco e incapaz de criar uma única oportunidade de golo em 90 minutos, demonstram a pequenez de pensamento de quem a comanda... e não, a dualidade de critérios de João Pinheiro e do VAR Rui Costa não justificarão tudo.

VII - Posto isto, mude-se enquanto ainda é tempo. António Miguel Cardoso foi responsável pela escolha do treinador e pelo desmantelamento massivo de uma equipa com capacidades. Foi responsável por no ano passado ter vendido a ideia de ser necessária uma equipa que gerasse resultados desportivos para este ano ir pelo caminho diametralmente inverso. Será o principal responsável pelo que acontecer esta época.

Mas, também, é responsável pela escolha do jovem treinador. E, verdade seja dito, até Paulo Turra errou menos antes de ser despedido... O que o leva a segurar Pinto por tanto tempo?

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