O Vitória deslocara-se aos Açores pela primeira vez na sua história, fruto das contingências do sorteio da Taça de Portugal...
Estávamos na temporada de 1961/62 e o adversário, a União Micaelense, era olhado com mais curiosidade do que temor.
Porém, tal viagem tornou-se inesquecível... Como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 10 de Junho de 1962, "a partida na manhã luminosa de 29 de Maio, foi já de nível eufórico." Com efeito, "a caravana vimaranense, juntando-se ali na estação do Cavalinho, espelhava um estado de alma consolado." Com efeito, na semana anterior, o Vitória havia vencido o FC Porto na sua Amorosa e garantido a permanência no escalão maior do futebol português, o que dava outra tranquilidade à expedição.
De Guimarães a Lisboa viajou-se de comboio, no "foguete", nome pelo qual era conhecido o comboio mais rápido da CP. Da capital, a comitiva haveria de seguir num jacto rumo a Santa Maria. Seria aí que o Vitória pernoitaria, após ter sido recebido por dirigentes do Clube Asas do Atlântico, por incumbência da Associação de Futebol de Ponta Delgada e do Clube União Micaelense. "Era o prenúncio das inúmeras amabilidades que se seguiriam..."
Na manhã seguinte, a bordo de três pequenos aviões da SATA, a comitiva vitoriana seria levada para S.Miguel. Aí chegados, algo de surpreendente sucedeu. Com efeito, "Dirigentes da Associação Regional e de todos os clubes desportivos locais ali se encontravam a dar-nos as boas vindas." Dali, viajar-se-ia para a capital da ilha.
Acrescente-se que "a imprensa de São Miguel dedicou ao Vitória as mais amáveis palavras. Deu-lhe jus de clube grande, de méritos firmados, de reputação consagrada." Todas essas atenções estender-se-iam ao modo como a ilha foi mostrada a toda a comitiva Conquistadora, mesmo depois do jogo, com especial realce às Lagoas bem como às Furnas, onde como uma das fotografias documenta, os artistas vitorianos posaram para uma fotografia que entrou na eternidade.
Com efeito, no dia seguinte ao jogo onde o capitão Silveira foi homenageado e que o Vitória bateu a União Micaelense por duas bolas a uma, "ainda que não podemos dizer que o Vitória jogou bem", sendo certo que as equipas ainda deveriam encontrar-se em Guimarães na segunda mão da eliminatória, seguiu-se a inesquecível viagem às Furnas. "Em carros particulares, saindo-se de manhã, passou-se pela Ribeira Grande, alcançou-se o alto de Santa Iria, donde se avista a ilha de um extremo ao outro, visitaram-se as plantações de chá, o campo de golfe, a lagoa..."
Além disso, "no Hotel das Furnas foi servido um almoço. Antes, porém, visitaram-se ainda os locais onde água brota a mais de 100 graus de crateras vulcânicas", originando a fotografia que ilustra as presentes linhas. No fundo, com tantas atenções e tamanha amabilidade, "parecia que estávamos em Guimarães. Éramos gente conhecida de todos..."
Aproveitando a histórica estadia, o Vitória ainda haveria de disputar uma partida contra uma Selecção de São Miguel. Ganharia por três bolas a duas, com golos de Ferreirinha, Pedras e de Caiçara. "O deste, num livre, deixou o público admirado. O tiro de Caiçara ficou com fama em S.Miguel."
Era o final de uma histórica digressão... "A PAA, desviou um jacto do voo directo Nova York-Lisboa para Santa Maria, que todos trouxe para a capital portuguesa, na melhor das comodidades." Tinham sido dias e momentos para não mais esquecer!

