HUMILDEMENTE, ASSUMIMOS QUE NÃO FOMOS AO PONTO CERTO... HUMILDEMENTE, PERGUNTAMOS, NÃO SERÁ ESSE O CAMINHO PARA MELHORARMOS O VITÓRIA?

Assumimos que apagamos o texto que tínhamos escrito ontem...

Fizemo-lo, porque o Vitória é a soma de todas as partes e não as partes que formam o todo.

Porque, mais do que uma preocupação singular e momentânea, os Conquistadores merecerão cuidado e desvelo desde há muito tempo.

Aliás, um clube com futuro terá sido regularmente perscrutado pelos sócios. Em todos os momentos. Um clube que se preze deve ter uma trajectória estável e não merecer preocupação em determinados momentos.

Por isso, mais do que críticas, importará haver uma postura coerente. De acompanhamento atento do que no Vitória vai sucedendo. Fazermos todos um esforço permanente para entender como aqui chegamos, mas, acima de tudo, arranjar soluções para melhorarmos, para progredirmos.

Amanhã as contas, provavelmente, serão tornadas públicas. Até esse momento, o que se vai ouvindo na rua, terão um valor de inconfidência especulativa... porém, mais do que tudo, de apontar dedos, de "sacudir a água do capote", importará que todos sejamos humildes e perguntemo-nos: o que falhamos para a situação não ter melhorado?

Na verdade, todos seremos culpados. Uns por terem sido menos persecutórios da verdade, outros por não terem, ainda que a tivessem visto, alertado os demais, outros, talvez, por acreditarem num caminho que, provavelmente, não se terá revelado o ideal. A humildade dos grandes homens faz-se através do reconhecimento desses erros e da capacidade em melhorarem. São os "primus inter pares" que o Vitória tanto precisa e que o vitorianos anseiam que surjam para inverter um ciclo de quebra.

Apesar disso, uns serão, obviamente, mais culpados do que outros.

Com efeito, que culpa terá a maioria dos sócios? Basicamente, por acreditarem num ou noutro projecto? Por após o voto, demitirem-se das suas responsabilidades, delegando-as em quem venceu o sufrágio eleitoral?

Que culpa terá quem, mais activo, participa e até intervém nas Assembleias Gerais? Apesar da postura mais atenta, mais activa, tem sido capaz de alterar o rumo da situação? Os seus alertas, e sabemos que têm existido muitos, tem sido alvo de consideração? Mesmo nas últimas assembleias-gerais terão servido para alguma coisa? Foram atendidos?

E, essa será a grande questão... desde o afundamento financeiro que nos deparamos, após a direcção de Emílio Macedo da Silva, que nunca assistimos ao assumir de responsabilidades. Até o processo disciplinar a este presidente acabou com uma singela repreensão. Aliás, tanto assim é, que a auditoria ao mandato prometida pelo presidente em funções, ficou esquecida... Auditoria essa que poderia ser feito através do contacto com os sócios em sede de campanha eleitoral, que, também, não foi feita.

Por isso, os erros do Vitória passam pela constante auto-exoneração de responsabilidades. Pimenta Machado nunca assumiu os erros que levaram à sua queda, optando por ver-se como um semi-deus a quem puxaram o tapete. Vítor Magalhães, depois da suprema humilhação da descida de divisão, conseguiu aprovar uma moção a dar-lhe confiança. Emílio Macedo da Silva, após afundar financeiramente o clube, continuou a ser visita assídua do camarote, enquanto passeia-se, ufanamente, nas campanhas para o Benfica, ao lado de Luís Filipe Vieira. Júlio Mendes, em vez de reconhecer que deixou de olhar para os sócios, resolveu apontar para aqueles que não o apoiavam, dividindo-os. Miguel Pinto Lisboa, ainda, não reconheceu os erros de gestão cometidos, numa altura em que se exigia parcimónia nos gastos, compreendendo que agravou a situação financeira do clube.

E, agora? Agora, temos, após uma participação europeia histórica, com vendas record fruto dessa participação, artigos a anunciarem o apocalipse. Ao invés de terem sido explicadas as razões da venda da espinha dorsal da equipa, aponta-se o dedo aos jogadores que a compunham. Agora, em vez de continuar-se a seguir a máxima tão a gosto por alguns de "estar unidos não é estar juntos", as partes desagregam-se e percebemos que a questão de liderança no Vitória é facilmente fragmentável. Tanto assim é, que, facilmente há desafinamentos, há rupturas e há momentos de de confronto.

Porém, os Conquistadores serão mais do que isso. Serão paixão aliada à firmeza. Serão o fervor no campo aliado à frieza com que se encaram os problemas. E isso será o que nos une... a capacidade de assumirmos que os problemas resolvem-se em comum, cada um assumindo a sua quota-parte de responsabilidades e aceitando o contributo de todos. Porque no Vitória, quando alguém intervém, quando alguém pede a palavra em sede de Assembleia-Geral, quando apresenta uma proposta à mesa, é porque quer o bem do clube... um bem comum que deveremos ter sempre em mente, continuará, enquanto os homens passarão e morrerão. E será nosso dever comum reconhecer humildemente os erros que cometemos para desprovidos de egos ou, usando uma palavra ultimamente em voga no léxico vitoriano, vaidades, deixar um clube melhor do que o que recebemos... as novas gerações merecem isso e, sinceramente, não temos feito muito para que tal suceda!

VIVA O VITÓRIA, SEMPRE...

PS -Este texto, apesar de estar na página, por ela não ser arma de arremesso (e até por isso não gostarmos do que escrevemos ontem, onde incorríamos nos erros que tanto criticamos) vai assinado, a título pessoal...

VASCO ANDRÉ RODRIGUES SÓCIO Nº 2773


 

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