Francisco Barbosa Gomes será um nome que dito assim pouco dirá aos vitorianos.
Mas se dissermos que por trás desse nome estava a alcunha de Caiçara os mais velhos dirão, imediatamente, ter-se tratado dos um dos maiores jogadores da história do clube e determinante na afirmação dos Conquistadores como um dos mais relevantes emblemas portugueses.
Chegado a Guimarães na temporada de 1959/60, proveniente do Náutico do Recife, trazido pelo representante vitoriano no Brasil, Pimenta Machado, integrou, desde logo, a inesquecível digressão a África. Depois desse momento de afirmação, estaria no Vitória durante seis temporadas, aliando a boa capacidade defensiva a um tiro bombástico que fazia misérias nas redes contrárias. Em suma, o lateral moderno antes do tempo, que era capaz de desequilibrar a partir de trás, como comprovam os 146 desafios de Rei ao peito e os 19 golos marcados.
Atento a sua importância, quase no final da sua estada em Guimarães, o Vitória organizou-lhe a 25 de Abril de 1965, a sua festa de homenagem que, como escreveu o jornal A Bola do dia seguinte, "do cartaz da merecida festa fazia parte o desafio de futebol entre o Vitória de Guimarães e uma equipa de jogadores brasileiros que actuam em clubes portugueses."
Porém, antes da partida, um momento haveria de tocar fundo no jogador brasileiro. Assim, "com todos os participantes na homenagem alinhados no meio do terreno, Caiçara recebeu várias lembranças do seu Clube e de numerosos admiradores." Porém, o jogador, um verdadeiro cavalheiro dentro e fora dos relvados, entregou a todos "medalhas comemorativas e aos elementos da equipa de brasileiros, um livro sobre Moçambique, oferta do seu autor tenente Ferreira dos Santos."
Quanto à partida, em si, valerá apena citar a constituição de ambos os conjuntos. Assim, o Vitória alinhou com Roldão; Mário, Manuel Pinto; Daniel (Carlos Manuel), João da Costa, Virgílio; Paulino, Inácio, Eduardo, Osvaldinho e Mendes. Os brasileiros alinharam com dois guarda-redes portugueses e do plantel do Vitória (Dionísio e Pimenta) e com Caiçara. Além destes, jogaram Durval e Morais Rodrigues na defesa; Romeu, Pelezinho, Alberto Luís; Augusto, Palico, Francisco Egídio (Rodrigo, que também actuava no Vitória), Bé (Valdir) e Osvaldo Silva (Bé).
Uma parada de estrelas, onde se destacou o vitoriano Mendes autor de três golos e que ainda assistiu Eduardo para mais um tento, cifrando o resultado em quatro a bolas a uma, pois o tento inaugural de Augusto Silva para pouco contou. Realce, ainda, para um jogador especial: "o cançonetista brasileiro Francisco Egídio, que alegrou o jogo, revelando, até primores de execução."
Com as despesas da festa a serem suportadas pelo Vitória, os 40 contos de receita seriam oferecidos ao jogador, que, ainda, haveria de entrar uma última vez de Rei ao peito na eliminatória da Taça de Portugal, frente ao Salgueiros, em Vidal Pinheiro, onde o Vitória seria derrotado por uma bola a zero. Contudo, o momento de agradecimento fora aquele, o relatado, sucedido um mês antes...
