I - Mais uma desilusão numa temporada que não está mesmo a correr bem... o Vitória, à excepção da partida na Amadora, não tem conseguido materializar o imenso apoio que recebe das bancadas no recinto de jogo.
Na verdade, em quatro partidas longe do D. Afonso Henriques, os Conquistadores marcaram, apenas, dois golos e sofreram nove... um pecúlio muito diminuto para uma equipa que tem como objectivo apurar-se para as provas europeias e, também, valorizar os seus activos.
II - Frente a um Famalicão bem construído e organizado, o Vitória, com Diogo Sousa e Samu a potenciarem o ataque, nem entrou mal no jogo. O primeiro teve mesmo duas grandes oportunidades que não conseguiu concretizar, mas valha a verdade que, nesse momento, já Castillo houvera demonstrado aquilo em que se haveria de tornar na primeira metade: o melhor em campo com várias defesas de dificuldade superlativa.
III - Porém, a partir desse momento, o desafio tornar-se-ia uma tormenta. Com os médios incapazes de construirem, com a equipa a ser apanhada diversas vezes desposicionada, foi um verdadeiro suplício aguentar as investidas da equipa da casa. Foi valendo o guarda-redes colombiano que conseguia ia mantendo a equipa em jogo, sendo que chegaram a ser exasperantes as más transições defensivas, os espaços dados aos médios ofensivos e o modo como se permitia a chegada dos elementos adversários à área. Atento a este cenário, acreditamos que muitos vitorianos ter-se-ão perguntado o que treina esta equipa relativamente à reacção à perda da bola, à transição defensiva e aos posicionamentos?
IV - Por isso, não foi de estranhar que, perto do intervalo, o Famalicão se colocasse em vantagem. Castillo nada pôde fazer, mas no lance haverá um homem que demonstra o desnorte vitoriano da presente temporada: Abascal. Confessamos que faz-nos confusão vê-lo com meia dúzia de dias de casa capitão do Vitória. Ainda para mais, quando sabemos, que tais escolhas são directivas e nunca por eleição entre colegas. Mas, se a sua qualidade, ainda, aportasse algo de excepcional à equipa ainda concederíamos... mas, mais uma vez, seria de um erro seu que o que, no fundo, era previsível ocorreu. A tentativa falhada de se antecipar a um jogador famalicense no meio campo, desequilibrou completamente a equipa. Depois a sua recuperação lenta, deixou o onze vitoriano em inferioridade numérica, levando a que Amorim tivesse todo o tempo do mundo para fazer o golo.
V - Atento a isso, era urgente reagir na segunda metade. Todavia, Luís Pinto, mais uma vez, deu nota da sua impreparação para ser timoneiro de uma nau como a vitoriana. Temos sido condescendentes com ele, atendendo às profundas alterações que o plantel sofreu, sendo que quem começou a trabalhar com Borevkovic, Tiago Silva, Tomás Handel, Gustavo Silva (que se encontra lesionado) e não os tem, terá de fazer uma caminhada no deserto. Mas, a verdade é que o treinador demonstra uma terrível incapacidade de conseguir dar algo à equipa. Assemelha-se a um disco riscado, a tocar a sempre enfadonha e monocórdica melodia, sem conseguir subir ou baixar o tom.
A previsibilidade das suas substituições, ainda com o caricato momento de falar ao telemóvel com Arcanjo, demonstram um desnorte que são o espelho desta época vitoriana: sem ponta por onde se pegue.
VI - Tanto assim foi, que o Vitória, a perder, nos segundos quarenta e cinco minutos, apenas, teve uma oportunidade de golo, com Nélson Oliveira, que já tinha substituído o lesionado N' Doye (mais uma lesão muscular no Vitória), a cabecear ao lado. Mas foi pouco, muito pouco para uma equipa que deixou Arcanjo e Camara (provavelmente os maiores desequilibradores na ala do plantel) para apostar num imberbe e inconsequente Saviolo e num apagado Blanco. Para uma equipa que a perder, tirou o lateral Maga, um dos menos maus hoje, para colocar o romeno Strata, que nada mostrou, e que acabou com Abascal a ponta de lança...num claro sinal de desnorte, de impotência de quem gere a equipa aliado com a falta de soluções que a mesma possui.
VII - Seria nesta desordem absoluta, neste desespero incontrolável, que na última jogada do desafio, chegaria o segundo golo do adversário. A certidão de óbito já estava passada, tratou-se de um mero carimbo na mesma.
O Vitória perdia e as palavras do presidente, António Miguel Cardoso, na Assembleia-Geral na passada Sexta-feira, poderão assemelhar-se a uma miragem. Prevê-se uma época difícil, de solavancos e o desejo da valorização de activos augura-se difícil. E sem vencer, sem apuramento europeu, como será o próximo ano sem receitas extraordinárias?
VIII - Segue-se o Benfica no próximo Sábado. Atento o cenário actual dos Conquistadores, atento ao modo como o jogo será lançado por quem devia ser imparcial, não queremos tecer apreciações...
IX - Sabemos que não fomos frios no que escrevemos. Mas o Vitória é paixão, alegria e dor, como hoje. Somos vitorianos, não temos, nem devemos ser imparciais. Por isso, estas palavras mais inflamadas do que é habitual. Talvez, por até ao presente dia, termos andado em negação da realidade. Hoje, tememos pelo que aí vem...
X - VIVA O VITÓRIA, SEMPRE... nunca deixemos de lutar por ele!

