COMO NAQUELA ANTEVÉSPERA DE NATAL CHEGOU A NOTÍCIA QUE NINGUÉM QUERIA OUVIR, AINDA QUE EM CAMPO A EQUIPA TENHA FEITO O MAIOR E O MELHOR DOS TRIBUTOS

Carlos Machado será uma das figuras mais importantes da história do Vitória.

Com efeito, foi do labor desinteressado do técnico fabril que o Vitória seria revitalizado. Seria, também, do seu incessante trabalho e da sua crença inabalável que haveria de surgir o Benlhevai, a primeira casa estável do Vitória, que albergou a equipa durante 14 anos, entre 1932 e 1946.

Porém, o apaixonado vitoriano, que tanto deu sem nada esperar em troca, haveria de deixar o mundo dos vivos cedo demais. Com efeito, o jornal Notícias de Guimarães de 23 de Dezembro de 1934, trazia uma notícia que muito abalaria todos os adeptos do clube, noticiava esse facto, lavrando-lhe um obituário que sobre ele tudo dizia:

" Na semana passada, faleceu Carlos Machado, rapaz novo e um dos mais entusiastas desportistas vimaranenses. Graças à sua admirável tenacidade, deve-lhe a cidade de Guimarães o campo de jogos do Benlhevai e a reorganização do Vitória."

Tendo existido uma assembleia-geral nessa altura, em que a condição de saúde do distinto vitoriano já era por demais preocupante, reconhecia-se que "ainda bem a Assembleia Geral do Vitória em tê-lo proclamado seu sócio benemérito -o preito de gratidão dos desportistas vimaranenses - exaltando deste modo o grande amor consagrado ao Desporto e à Terra pelo saudoso extinto."

A maior das homenagens, essa, provavelmente, ocorreria em campo. Aquela equipa pela qual ele tanto lutara para que tivesse uma casa e voltasse a disputar um jogo, tinha de entrar em campo, em Braga em partida a contar para o Campeonato Distrital da AF Braga, frente ao Esposende. A alinhar com Ricoca; Paredes, Ferreira; Sequeira, Gonçalves, Sousa; Constantino Lameiras, João Jesus, Simões, Virgílio e Bravo, o Vitória experimentou dificuldades, principalmente, devido "ao campo, pequeno, cheio de relva que o tempo tornou escorregadia, dificultou grandemente o trabalho dos campiões." Por isso, foi a equipa que actuava com o estatuto de anfitriã que haveria de abrir o activo, mas, ainda antes do intervalo João Jesus e Simões dariam a volta ao marcador.

A segunda parte seria mais tranquila com os Conquistadores a conseguirem ampliar a vantagem para cinco bolas a duas, demonstrando a força vitoriana. Porém, da partida ressaltariam dois factos: "a arbitragem de Dias Pereira teve um erro imperdoável. Não validou um goal do Vitória, marcado quando o marcador estava em 2-1. Não viu por estar pouco atento. Apesar deste grave deslise, arbitrou imparcialmente, o que destacamos por não ser uma qualidade vulgar nos árbitros de Braga, quando arbitram jogos do Vitória." Além disso, teremos de mencionar o modo como os adeptos presentes viveram o jogo, pois " a assistência de Braga fez-se representar por um número regular, merecendo reparo aos desportistas de Esposende, que lhes devolveram a simpatia nascida para este jogo. Coisas da bola..."  Pouco importava, porém... o Vitória houvera honrado a memória de Carlos Machado, conquistando um saboroso êxito!

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