Falar de Carlos Manaca é associá-lo a um caso referente a um autogolo que terá aberto as portas do Sporting para tornar-se campeão nacional em 1979/80. Um momento empolado pelo vice-campeão nacional, o FC Porto, e que entre os vitorianos gerou controvérsia. Assim, se o jogador em entrevista ao Observador de 29 de Setembro de 2016 esclareceu que "Estou a ver o lance agora mesmo. É um cruzamento e eu salto, de costas para a baliza, entre o Manuel Fernandes e o Jordão. Insisto: de costas para a baliza. Ouça, é um autogolo como qualquer outro. O FC Porto quer é um bode expiatório. Eu próprio já fiz autogolos no Sporting.", o presidente escolhido, Pimenta Machado, em entrevista ao Zerozero de 10 de Novembro de 2023 apresentaria outra versão: "Também joguei futebol, como lhe disse, e ele fez uma rotação inapropriada com a cabeça. [e faz os gestos] Em vez de fazer assim, fez assim. Mas, enfim, isso não interessa nada. Não se pode provar nada."
Porém, antes disso, existira um episódio com Manaca que deixara os vitorianos em cuidados. Preocupados mesmo com o estado de saúde com o defesa central nascido em Moçambique.
Estávamos em 20 de Janeiro de 1980 e disputava-se a primeira jornada da segunda volta, com um desafio sempre apaixonante. Falamos do embate entre Vitória e Boavista que dobraram a primeira parte do campeonato igualados no quinto posto com 17 pontos, a 3 do quarto, o Belenenses. Era, por isso, uma contenda decisiva para acalentar esperanças de um apuramento europeu e para a qual o Vitória não poderia contar com o defesa que fora contratado ao Sporting, seduzido pelo facto dos Conquistadores pagarem mais do que os Leões, como reconheceu na entrevista que consultamos. Com efeito, por estar lesionado, iria obrigar o treinador Mário Imbelloni a retocar o onze dos Conquistadores para o decisivo prélio.
Com a equipa a alinhar com Melo; Ramalho, Gregório Freixo, Tozé, Alfredo; Abreu, Arlindo, Almiro; Ferreira da Costa, Joaquim Rocha e Mundinho, cedo o jogo passaria para segundo plano de todos os vitorianos. Com efeito, antes do início do jogo, chegaria pelos microfones da Antena 1, uma terrível notícia: Manaca tinha falecido de acidente de viação!
Apesar de assumirem que a notícias tinha-lhes chegado através de uma fonte, numa altura que não existiam os meios de comunicação que existem hoje, tal gerou o verdadeiro pavor e pânico nas bancadas do, então, Municipal. Não seria, por isso, que o Vitória seria derrotado por três bolas a uma, de pouco ou nada valendo o golo de Mundinho. Aliás, o Povo de Guimarães de 24 de Janeiro de 1980, assumia que "a equipa vitoriana até não actuou mal. Consumou jogadas bem planeadas, dominou praticamente todo o encontro, mas não teve a sorte virada para si."
Com o azar a passear-se em campo, o alívio viria quando se confirmou que a notícia da morte do defesa vitoriano fora um boato colocado a circular por alguém que pretendia desestabilizar a equipa em tão importante embate...como suspeito número um, um tal de major Valentim Loureiro, conhecedor de todas as manhas e artimanhas do mundo da bola. Quanto a Manaca na semana seguinte já estaria em campo para defrontar o Sporting de Espinho em jogo da Taça de Portugal, continuando a representar os Conquistadores até aquele polémico jogo contra os Leões... mais, isso já será outra história!
