Aquela temporada de 2000/01 era de ambição no Vitória.
Depois de Quinito ter batido a porta vitoriana com estrondo, Pimenta Machado optou por operar uma revolução, resgatando Paulo Autuori para treinador, depois deste ter abandonado o clube a meio da época de 1990/91, para conquistar títulos em inúmeras paragens.
Mas mais do que isso, Pimenta surpreendeu ao dar carta branca ao novo técnico para montar o plantel, o que este fez, apostando no mercado brasileiro, que dominava perfeitamente e dele trazendo nomes como o defesa-central Paulão e os avançados Sérgio Júnior, Manoel e Maurílio.
Era neste que os adeptos Conquistadores depositavam as maiores esperanças. Com uma carreira vivida nos melhores clubes brasileiros, tendo, inclusivamente, sido bicampeão ao serviço do Palmeiras, era tido como, provavelmente, a estrela maior de um conjunto que queria lutar pelos mais altos lugares da tabela. Tido como o substituto do goleador Brandão, que deixara saudades no D. Afonso Henriques, não mostrava medos de encarar a aventura europeia, lembrando a experiência que vivera nos espanhóis do Logroñes anos antes, ao dizer que "Gostei de jogar na Europa ao serviço dos espanhóis do Logronés e não terei problemas de adaptação."
Assim, depois de chegar ao Vitória, onde assinou um vínculo contratual de um ano com possibilidades de ser prorrogado por outro, assumia ao jornal do clube de 11 de Julho de 2000, que "é difícil eu chegar e substituir alguém. Posso chegar e ser eu mesmo e não o próprio Brandão. Se eu fizer golos vai ser bom para mim e para todos." Além disso, mostrava-se preparado para o que viria encontrar em Portugal, pois, de modo surpreendente, anunciou que "Quando cheguei ao Aeroporto um Agente da Autoridade também me disse como se jogava aqui em Portugal e disse-me que aqui joga-se com muita força."
Porém, apesar de ter sido peça chave no esquema desenhado por Paulo Autuori, a verdade é que raramente haveria de mostrar atributos. Salvou-se aquela partida em Alverca, no dia do primeiro triunfo dos Conquistadores no campeonato, depois de terem perdido o derby e terem sido goleados pelo Sporting, em que marcou um dos dois golos que apontou de Rei ao peito, o que gerou a ilusão de poder ser o homem-golo que a equipa necessitava. A ponto do jornal do clube escrever que "A jogar desta maneira, vai trazer muitas alegrias aos sócios do Vitória."
Não traria e seria uma das vítimas do abandono de Paulo Autuori do clube. Arredado dos golos, veria o seu nome surgir na lista de dispensas do novo técnico, atento ao facto das hipotéticas novas contratações preencherem a quota de jogadores extra-comunitários, na altura, em vigor. Ainda assim, o jogador, ao Record de 23 de Dezembro de 2000, confessava que "Sinceramente, eu não acredito na minha dispensa."
Assim, ainda faria dois jogos, o último dos quais a 08 de Janeiro de 2001, frente ao Marítimo para ter a sua dispensa confirmada quinze dias depois. Acabaria a treinar à parte, conjuntamente com o seu compatriota Rubem, sob a orientação de João Costeado, tendo de se contentar com a justificação dada por Neno que era necessário encurtar o plantel. Por essa razão, regressou ao seu país, pela porta do Paraná, onde reencontrou o que houvera perdido em Portugal... o mapa com os melhores caminhos para o golo!
Uma desilusão para quem tanto prometera...