COMO JESUS SE ESTREOU DE REI AO PEITO, NUMA TARDE DE ABSOLUTO SOSSEGO (E DE DESPERDÍCIO) PARA ENCETAR UMA HISTÓRIA QUE HAVERIA DE TORNAR EM AMOR ETERNO...

António Jesus, se fosse vivo, hoje, completaria 70 anos.

O guarda-redes vitoriano que cumpriu 256 partidas de Rei ao peito, desempenhando, posteriormente, funções como treinador de guarda-redes nos Conquistadores, chegou ao clube do Rei no início da temporada de 1981/82 para concorrer com o monstro sagrado Vítor Damas pela titularidade nas balizas dos Conquistadores.

Porém, surpreendentemente, ganharia a titularidade, estreando-se no Vitória logo na primeira jornada desse campeonato, frente ao Penafiel, a 23 de Agosto de 1981.

Nesse dia, com os Conquistadores a alinharem com Jesus; Gregório Freixo, Tozé, Santos, Nivaldo; Pedroto, Festas, Abreu; Fonseca, Lúcio e Joaquim Rocha, assistiu-se a um verdadeiro festival de golos desperdiçados e que levou a que o jornal A Bola do dia seguinte, escrevesse que "Quem perde tantos golos sujeita-se ao sofrimento..."

Um sofrimento concretizado na crónica pela "disposição territorial dos visitantes" e o "elevado número de oportunidades desperdiçadas pelos locais." Porém, no meio deste manancial de oportunidades desperdiçadas, um momento teria, êxito. Corria o minuto 22 da contenda e "no meio campo do Penafiel, Lúcio, em confronto com Fernando, levou vantagem, cedendo a bola para Pedroto que a tocou por alotara Rocha que, de primeira, a cedeu para o lado para o brasileiro LÚCIO que, vindo de trás, dominou a bola, progrediu alguns metros e quando Luz saía ao seu encontro, rematou rasteiro, com o pé direito."

Estava feito o golo vitoriano que significaria o seu triunfo, numa tarde em que o treinador José Maria Pedroto considerou que "- Perdeu-se uma goleada. Tivemos tantas oportunidades de golo, como já não se usam, mas que não concretizamos." Depois viria uma alusão, ainda que indirecta, à estreia do guarda-redes Jesus, ao dizer que "O Penafiel defendeu-se muito bem mas nunca pôs em perigo as balizas de Jesus."

Era a estreia de um homem que, ao contrário daquele dia, haveria de ser brilhante e um verdadeiro seguro de vida no último reduto vitoriano. Uma lenda que sempre recordaremos...

Postagem Anterior Próxima Postagem