I - Antes de mais, importará referir que terá sido o jogo mais experimental de toda a pré-temporada. Tanto que, após o esforço despendido pela equipa ontem, frente ao Celta de Vigo, como era previsível, foram utilizados os jogadores que haviam cumprido menos minutos na noite de ontem. Tal resultou numa amálgama de jogadores, alguns deles com dificuldades de compreensão daquilo que lhes era pedido.
II - E, chegados aqui, temos de fazer um reparo a Luís Pinto. Dizia, há poucos dias, José Mourinho que não entende aqueles treinadores que não se adaptam aos jogadores que têm nas mãos e que, quando despedidos, vangloriam-se de terem morrido com as suas ideias. Ora, nós também não, e por isso não entendemos porque o jovem treinador vitoriano não tenta um esquema onde os seus jogadores se possam sentir mais confortáveis. Um sistema que preencha melhor as suas capacidades, lembrando um dos mais curiosos factos da última temporada: "mesmo Rúben Amorim, quando foi para Manchester, tentou jogar à Ruben Amorim" e não teve êxito... para bom entendedor!
III - Verdade seja dita, que perante as dificuldades sentidas pela dupla do meio-campo constituída por Mitrovic e Diogo Sousa, o técnico ousou uma variante no seu modelo, tornando o 3*4*3 num 3*5*2, graças à entrada de Beni em campo. Assim, com Bica nas costas do avançado Nélson Oliveira (mais uma exibição infeliz, tendo desperdiçado, mais uma vez, um golo cantado), Fábio Blanco e Telmo Arcanjo a atacarem as alas e a zona medular com três homens, o Vitória, que já estava a perder, estabilizou.
IV - Estabilizou tanto que empatou a partida num belo golo do espanhol Fábio Blanco, que uma arbitragem, no espírito de homenagem ao homem que deu o nome ao troféu em disputa, inexplicavelmente, anulou. Um erro crasso e que mais doloroso ficou, pelo conjunto flaviense na jogada seguinte ampliar a vantagem. Dificuldades de cobertura na parte defensiva do meio campo, desarticulação entre Paulo Victor e Lebedenko, o lateral hoje escolhido para ser central, e os Conquistadores a perderem por duas bolas a zero ao intervalo.
V - Na segunda metade, a atitude vitoriana perante o jogo seria de maior pressão. Com a equipa mais adiantada no terreno e com Beni a dar pulmão e elasticidade ao meio campo, os Conquistadores dominariam a partida, ainda que a maior parte desse domínio tenha sido estéril e sem gerar oportunidades de golo.
VI - Porém, consequência dessa maior capacidade de pressão, uma bola recuperada permitira a Matija Mitrovic (com bom toque de bola, boa visão de jogo e sem medo de rematar, ainda que a necessitar de ganhar intensidade, até pela sua jovem idade) alvejar com êxito a baliza do Chaves. Reduzia o Vitória, esperava que se empertigasse mas tal não sucederia.
VII - Teremos, contudo, de voltar a falar da arbitragem que sonegou uma grande penalidade clara cometida sobre José Bica. Os seus erros não serão a justificação para uma infeliz tarde vitoriana, mas se querem jogos competitivos, que preparem as equipas para as ligas, coloquem trios de arbitragem capazes, competentes e que sejam capazes de evitarem erros primários.
VIII - Perdia o Vitória o último jogo de preparação da pré-temporada. A partir de agora, a começar no próximo Sábado, será a serio. Frente a um FC Porto, interessado em apresentar a sua nova identidade, reforçando-a, caberá ao Vitória dar uma resposta às dúvidas que tem gerado. Será este o esquema ideal para os jogadores que Luís Pinto tem à disposição? Defensivamente, existe um maior apetrechamento do que na época passada, atento à reformulação profunda que existiu nesse sector? Terá a equipa os instrumentos necessários para as muitas compensações que este modelo de jogo exige? Não devendo, ainda, ser utilizado N'Doye há poder de fogo para colocar em sentido o último reduto adversário? As soluções que estarão no banco de suplentes poderão ser o superavit desejado para dar outro rumo ao jogo?
E, acima de tudo, que plano B tem Luís Pinto? Durante este mês e meio pareceu demasiado confiante num sistema que, como escrevemos, gerou várias dúvidas, principalmente pelos três centrais e pelos alas. Existirá uma hipótese alternativa, mas de "conforto", para a equipa?
IX - VIVA O VITÓRIA, SEMPRE...