António Pimenta Machado, em entrevista ao Povo de Guimarães, já dera o toque: poderia ser candidato a presidente da Câmara Municipal naquele ano de 1993, pois, acima de tudo, era vimaranense.
Porém, essa hipótese surgiria, provavelmente, de onde menos haveria de se esperar. Pelo Partido Socialista que houvera conquistado o poder quatro anos antes, graças a António Magalhães, mas que, pelos vistos, ainda não fora capaz de unificar e blindar a concelhia como haveria, futuramente, de conseguir, levando-o a tornar-se em um dinossauro político.
Assim, para as eleições da concelhia do partido que haveriam de ter lugar a 17 de Outubro de 1992, surgiu uma lista opositora à de António Mota Prego que iria indicar a recondução de António Magalhães, encabeçada por Raúl Rocha e António Fernandes, que era clara nos seus princípios e propostas: "Se obtivermos um resultado político positivo, proporemos à próxima Comissão Política que o PS convide o Dr. Pimenta Machado para ser o candidato do PS nas próximas eleições à Presidência da Câmara."
Tal escolhia devia-se a três razões:
"Porque é um Vimaranense com carisma e força pessoa para desatar os nós que se colocam no desenvolvimento municipal.
Porque tem força, audição e Poder de convicção nos centros do Poder e do Pais.
Porque pode constituir a síntese, o equilíbrio e o sinal de abertura do PS ao exterior, à renovação e ao respeito no seu passado."
Concluía-se, por isso, que tal escolha era um desejo de grande parte da opinião pública do concelho, pois "se o PS apresenta essa proposta terá o apoio para além dos eleitores socialistas, de muitos outros que estarão connosco na esperança de um novo desenvolvimento para Guimarães e seu concelho."
Porém, de modo a afastar a política do futebol, na apresentação da candidatura, referiu-se que "esta não é uma candidatura vitoriana. O Dr. Pimenta Machado tem efectivas sintonias com as nossas posições de gestão urbana - como até o provam os projectos do Vitória - que o PS não tem aproveitado. Mas a opinião pública vimaranense há muito que reclama um Presidente com carisma, garra e rigor e é esse protagonismo que conduz a esta candidatura."
Tal mereceria um curioso comunicado da outra lista que detinha o poder e que acusava o grupo aspirante a que "...estes nossos camaradas da lista B querem pura e simplesmente despachar o nosso Futre da política vimaranense para o substituir por uma aquisição sem créditos firmados nas andanças da política." Para um trunfo proveniente do futebol, nada melhor do que uma linguagem da arte...
Com a sociedade vimaranense em ebulição, Pimenta, ainda, atiraria mais achas para a fogueira, ao dizer-se lisonjeado com a proposto, já que não sendo militante do partido não esperava tal honraria. Ainda assim, "pela minha parte, só tenho que repetir o que disse antes: admito candidatar-me à Câmara. Se houver um convite, se tiver apoios, se houver condições para dar a minha vontade, as minhas qualidades, a minha capacidade gestionária, como julgo que tenho dado no Vitória, para que Guimarães se afirme como uma das maiores cidades e dos maiores concelhos do país, como o Vitória se tem afirmado no seio dos Clubes Portugueses e até na Europa, então sim, poderei ser candidato...."
Contudo, no sufrágio os que sonhavam em apresentar Pimenta como candidato sofreram um grande revés. Com efeito, a contrapor aos cem votos obtidos por estes, a lista que se encontrava no poder conseguiu quatrocentas manifestações de vontade... a ajudar a essa diferença, como escreveu o Povo de Guimarães de 23 de Outubro de 1922,"o Presidente da Câmara fez chegar a cada Presidente da Junta uma lista com os nomes de todos os militantes da sua freguesia, indicando, ao mesmo tempo, as obras que iria efectuar, ainda, no ano de 1993, pedindo-lhes que contactassem um a um esses militantes e que garantissem a sua presença no dia do voto."
Mais uma vez, a possibilidade de Pimenta ser candidato à autarquia ruía...