Aquelas eleições de 2004 eram o paradigma da mudança do clube.
Depois de 24 anos de liderança de Pimenta, o Vitória iria ter um novo presidente que seria decidido entre Manuel Almeida, líder da lista A, e Vítor Magalhães que encabeçava a lista B.
Diga-se que, apesar da candidatura de Magalhães ter gerado inúmeros consensos entre a sociedade vimaranense e vitoriana, como o resultado final do sufrágio haveria de confirmar, a verdade é que Manuel Almeida tudo fez para vencer as eleições.
Assim, como escreveu o jornal Público de 05 de Junho de 2004, dia das eleições no clube, Almeida "apostou numa imagem esmagadora, surgindo como um 'Abramovich' do Minho, que cumpre tudo o que diz.” Um Abramovich capaz de prometer, caso triunfasse nas eleições, os nomes de "Jimmy Hasselbaink (ex-Chelsea); Washington e Ilan (ambos ex-Atlético Paranaense), Mostovoi (ex-Celta de Vigo), Dominguez (ex-Kaiserlautern), Marco Almeida (ex-Alverca), Rui Marques (ex-Estugarda), Alex (Benfica) e Ricardo Esteves (ex-Paços de Ferreira)." A título de curiosidade, correu na cidade o rumor que o aríete dos Países Baixos, mas nascido no Suriname, iria chegar à cidade de helicóptero, numa ousada apresentação que haveria de marcar o mandato.
Atendendo ao cartel do ponta de lança, que chegaria ao Vitória depois de apontar 87 golos em 4 anos ao serviço do emblema de Stamford Bridge na Premier League, para apaziguar os ânimos de quem temia que tal transferência dinamitasse as contas do clube, garantia que "a família Almeida suporta todos os encargos decorrentes da compra do jogador". Para confirmar a contratação do avançado, o director de campanha de Almeida, Dinis Monteiro, assegurava que "está tudo certo com o empresário de Jimmy, faltando apenas a última palavra do avançado." Para dar corpo a essas promessas, das estrelas que poderiam fazer salivar os adeptos, recorreu a um "veículo pesado que acompanhou a sua comitiva, um camião negro de gigantes dimensões, bem à maneira das películas americanas sobre o asfalto."
Contudo, para perseguir o seu sonho de ser presidente do Vitória, ainda faria mais. Ousaria confrontar o seu amigo de sempre e, na altura, presidente, Pimenta Machado, pois "foi um dos empresários que prometeu injectar capital no Guimarães caso Pimenta Machado abdicasse; e, apesar disso, assume-se seu "amigo incondicional".
Todavia, nem assim conseguiria bater o seu primo, obtendo, apenas,15,43%, dos votos, enquanto Magalhães conseguiu alcançar 84,57% dos votos. O sonho do Abramovich vitoriano morria na força dos votos...