Eram as primeiras eleições, depois de 24 anos, sem existir a figura de Pimenta Machado.
Assim, como contendores surgiram dois homens de Moreira de Cónegos, freguesia vimaranense, e, ainda por cima, primos. Falamos, obviamente, de Vítor Magalhães e de Manuel Almeida, sendo que o primeiro triunfaria no sufrágio eleitoral por larga e esclarecedora margem.
Porém, diga-se que o que prometeu na campanha sofreu diversos contratempos. Num tempo em que os presidentes eram eleitos quase pelos nomes de jogadores que prometiam, as apostas do futuro presidente vitoriano saíram... completamente ao lado!
Principiemos por Zé Elias. Médio internacional brasileiro que, em 2004, ano das eleições, já tinha passado por emblemas como o Bayer Leverkusen, Inter de Milão, Bologna, Olympiakos e actuava no Verona, era tido como o homem ideal para colocar ordem no meio campo gizado pelo novo treinador, Manuel Machado. Com 28 anos, ainda se acreditava que muito pudesse dar ao clube, ao ponto do Record de 04 de Junho de 2004 dar o negócio como fechado, algo que o candidato à liderança dos Conquistadores reforçou ao dizer que "Tenho aqui a declaração do seu empresário, o italiano Brancini". Todavia, depois desta declaração, jamais ouvir-se-ia falar do talentoso brasileiro que resolveu regressar ao seu país para representar o Santos.
Mas, não foi só Zé Elias que constituiu uma desilusão nos vitorianos. Aliás, este seria um homem para se juntar a três que dois dias antes, Magalhães dera como contratados: o luso-canadiano Fernando Aguiar, o extremo argentino, a actuar no Independiente Christian Giménez e o ponta de lança suíço, Milam Rama. Para reforçar a certeza que os três iriam ser jogadores dos Conquistadores, diria nas sessões de esclarecimento que protagonizou em Infantas e São Lourenço de Selho que "Disponho de uma vasta lista de potenciais reforços, mas não anuncio por anunciar. Só revelo os que estão certos e aqueles que realmente têm interesse para o nosso projecto desportivo. Repito: São para pegar de estaca."
Nenhum deles, contudo, haveria de chegar a Guimarães. Para reforçar o cenário, já depois de Vítor Magalhães ter assumido a liderança do clube, outro folhetim aconteceria, relacionado com o defesa central sérvio Dzodic, que actuava nos franceses do Montpellier. Contudo, a tentativa da sua contratação teria episódios novelescos, que passamos a transcrever do jornal Record de 30 de Junho de 2004: "No Sábado, mandei o director Emílio Macedo à Jugoslávia, juntamente com António Alberto, colaborador do Jorge Mendes. As coisas não estavam a acontecer conforme o combinado. O Emílio levava um bilhete de avião para Dzodic. Mas quem nos ajudou a localizá-lo foi o Drulovic, uma pessoa espectacular. Ah, se não tivesse 35 anos."
Continuaria dizendo que "o empresário não dava respostas e quando me contactou queria mais coisas. Mandei o Emílio regressar rapidamente e o empresário ligou a dizer que estaria cá amanhã com o jogador. “
Por isso, concluiria que "estou a ver o filme: o Dzodic agora quer vir". Mas, do alto dos seus poderes, sentenciava que "agora, só vem quando e se eu quiser. Vou pensar melhor...só não desliguei deste negócio por causa da campanha eleitoral." Por fim, assumiria que se "esse empresário francês e Dzodic podem falhar, eu não falho."
Todavia, apesar de todos estes falhanços, Vítor Magalhães seria o sucessor de Pimenta Machado... sem grande sucesso, infelizmente, mas isso será outra história!