COMO ANTES DO SOFRIMENTO ATROZ, O VITÓRIA ESPALHOU CHARME EM SAN SEBASTIAN... PARTE I - UM SUCESSO SOCIAL, COM ANTÓNIO XAVIER A RECORDAR OS BIKINIS DE OUTROS ANOS E OS VITORIANOS A CHEGAREM EM GRANDE NÚMERO...

Terá sido uma das raras alegrias da segunda passagem de Marinho Peres no Vitória. Com efeito, o regresso do inesquecível treinador brasileiro não produziu os efeitos que se esperavam, ainda que numa eliminatória europeia o espírito de 1986/87 revivesse.

Falamos daquela fantástica noite de 17 de Setembro de 1992, quando o Vitória graças a um bis de Dane e um golo de Pedro Barbosa atropelou os espanhóis da Real Sociedad, abrindo as portas da segunda eliminatória de par em par.

Porém, ainda havia uma segunda mão a disputar no inferno do Atocha, um recinto à inglesa e em que os adeptos desempenhavam um papel absolutamente primordial no desenrolar da partida.

Apesar de se anteverem essas dificuldades, houve tempo para a comitiva vitoriana realizar uma digressão que o Povo de Guimarães de 02 de Outubro de 1992 reputou de "um enorme sucesso social." Na verdade, como era escrito, "uma eliminatória europeia não é só um jogo de futebol. Ela é, também, uma afirmação social de um Clube que se tem de mostrar como europeu..."

Assim, com o presidente Pimenta Machado e o Relações Públicas Dinis Monteiro a comandarem o exército Conquistador, os órgãos sociais fizeram-se representar em peso. Assim, para além do presidente da direcção, estavam também António Xavier, presidente da Assembleia-Geral e o presidente do Conselho Fiscal, António Fernandes. Além destes, também os dirigentes Dinis Monteiro, Luís Pinto dos Santos, Manuel Ribeiro, Cruz Fernandes e António Fernandes e os directores do futebol Pedro Xavier e Alfredo Leite marcaram presença.

Além disso, o Vitória queria afirmar a sua implantação no futebol nacional. Deste modo, convidou diversos dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol como o famalicense Virgílio Costa e o vitoriano Raúl Rocha, bem como o presidente da A.F. Braga, que Pimenta ajudara a eleger, Mesquita Machado. Mais do que isso, marcaram presença antigos dirigentes do eterno rival e do Famalicão, numa demonstração da força agregadora que se projectava que o Vitória pudesse ser e o mais forte e conhecido representante da região.

Quanto à viagem, propriamente dita, esta desenrolou-se em duas etapas, com um voo charter a levar os vitorianos até à estância balnear de Biarritz já no país basco francês, para se empreender uma viagem de 40 quilómetros em autocarro até ao destino final, que era San Sebastian. Aí ficar-se-ia durante dois dias, o que haveria de dar para conhecer "uma estância de férias que foi a grande atracção turística da Península Ibérica nos anos de 50 e 60." Tal até mereceria um curioso comentário de António Xavier que lembrou que "foi a primeira praia em que apareceram os biquinis, o que motivava, então, pequenas excursões de jovens mais endinheirados vimaranenses..."

Porém, fruto das agruras da luta separatista levada a cabo pela ETA assumia-se que esse glamour foi-se desvanecendo, sendo que os habitantes da cidade diziam que "a cidade estagnou desde a década de 70 em 170.000 habitantes..."

Como sempre, para além da comitiva que viajou com a equipa, nas bancadas os vitorianos fizeram-se sentir. Assim, "... foram às centenas à costa basca. Na manhã do dia do jogo no Hotel eram vários os automóveis que chegavam. Às 16 horas aterrava em Biarritz mais um voo charter com uma centena de adeptos." O Vitória não ia estar só no inferno basco, mas iria ter de sofrer... mas isso já será para a segunda parte desta história.

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