I - Recuemos quatro meses no calendário... o Vitória, empolgado pelas extraordinárias exibições europeias que protagonizava, recebia o Nacional da Madeira só com um pensamento que era vencer.
Apesar de ter sofrido um precoce golo inaugural, a verdade é que graças a momentos geniais de jogadores que já cá não moram, como Alberto e Kaio César, a reviravolta seria consumada.
Porém, com os Conquistadores a vencerem, o, então, treinador da equipa, Rui Borges, no dia em que saíam as primeiras notícias da sua partida para o Sporting, terá querido jogar para o cartão de visita. Ao invés de segurar a vantagem, optaria por balancear a equipa para a frente, sofreria o enésimo balde de água gelada da temporada, perdendo dois inopinados pontos.
II - Hoje, na Choupana, assistiu-se, absolutamente, ao inverso. O Vitória não foi brilhante nem estético, mas, acima de tudo, foi responsável e consciente da importância do jogo, optando pelos bombos em detrimentos dos violinos tantas vezes vistos ao longo da temporada. Uma eficácia que parece ser apanágio de Luis Freire, que, na hora do aperto, deita para trás das costas os pressupostos estéticos, a nota artística e tudo o que não traz pontos... e tem-se dado bem com esta filosofia.
III - Com a mesma equipa do passado Domingo, o Vitória teve de sofrer a bom sofrer. Mérito da boa organização madeirense, mas, também, das tradicionais dificuldades sentidas na Choupana, onde a equipa vitoriana sempre sentiu dificuldades. E, apesar desses primeiros minutos dubitativos, o Vitória conseguiria adiantar-se no marcador, com Tiago Silva a festejar as 150 presenças de Rei ao peito com um belíssimo tiro que levou os muitos vitorianos presentes na Choupana ao delírio.
IV - Pensou-se que o mais difícil estava feito. Que as portas do êxito estavam entreabertas. Porém, ainda muito se teria de sofrer. Ainda que na primeira metade, tudo se passasse com tranquilidade e pouco que contar, a verdade é que a primeira metade da missão estava cumprida.
V - Na segunda metade, a equipa de Luís Freire entrou com dificuldades redobradas. Fruto da pressão alta nacionalista, o Vitória não conseguia ligar o jogo... ainda que se sentisse quando dobrasse a primeira linha de pressão do adversário poderia criar perigo. Poderia ferir de morte o oponente, dando um passo decisivo rumo ao êxito.
VI - E, assim seria, quando o jogo parecia controlado. Jogada de posse vitoriana, com a bola a chegar a Chucho que finalmente reencontrou-se com os golos. Um belíssimo movimento de ponta de lança a gerar um suspiro de alívio colectivo, rumo a um objectivo cada vez mais presente.
VII -Todavia, no Vitória nada será fácil. Nada deverá ser dado por garantido e prova disso foi o tento inesperado do Nacional. Dificuldades no espaço de entrelinhas entre meio campo e a defesa a permitirem o passe de ruptura para um tento capaz de desencadear os piores pensamentos a todos os vitorianos.
VIII - Seria esse o momento do trincar a língua, de ser humilde, de assumir que, independentemente de jogar bem e marcar golos, importa vencer. No fundo, tudo o que não sucedeu naquele fim de tarde de antevéspera natalícia, em que fruto da sua gula, o Vitória quis mais e mais... para nada ter! E nessa estratégia com cinco defesas, com Beni a dar força ao meio campo, o Vitória saberia sofrer...rumo a um saboroso êxito, longe do brilhantismo de outras ocasiões, mas decisivo.
IX - Segue-se, agora, o Farense, ainda a lutar pela vida que se encontra presa por um fio. Um jogo determinante rumo à consecução de um objectivo que a dada altura do campeonato parecia perdido, mas fruto de uma bela recuperação parece estar à mão de semear. Haja força para assinar a letras de ouro o quarto apuramento consecutivo europeu, igualando o feito realizado entre 1995 e 1999.
X - Temos que dar os parabéns aos muito vitorianos presentes hoje à tarde na Madeira. Apesar de não merecerem a publicidade televisiva que outros têm quando lá rumam, nem sequer merecendo uma imagem de grande plano da bancada, a verdade é que se provou que o Vitória nunca caminhará só... e isso, enche-nos a alma!
XI - VIVA O VITÓRIA...SEMPRE!