Aquela temporada de 2005/06 foi terrível...absolutamente para esquecer.
Na verdade, num ano em que se acreditava que, sob o comando de Jaime Pacheco, os Conquistadores dessem um passo em frente na sua afirmação entre os maiores emblemas do futebol nacional, tudo correu mal, acabando a equipa por cair nos tugúrios do segundo escalão.
Porém, muito antes disso, e quando a maioria das esperanças ainda eram legítimas, o Vitória viveu uma noite de felicidade ao apurar-se, pela primeira vez, para a fase de grupos da Taça UEFA, sendo mesmo a única equipa portuguesa a carimbar tal apuramento.
Deste modo, depois de ter triunfado tranquilamente em Guimarães por três bolas a zero, graças aos golos de Cléber, Mário Sérgio e Benachour, urgia carimbar o encontro com a história na cidade de onde João Paulo II, que tinha falecido há poucos meses, era natural.
Depois de ter visitado Auschwitz, num momento que a todos tocou pela brutalidade mesclada com profundidade, o Vitória haveria de concentrar-se na missão que o levara à Polónia...com milhares a apoiar a equipa à distância na Praça de Santiago, através da transmissão da partida em ecrã gigante... sendo que nenhum dos canais portugueses mostrou interesse em difundir o desafio.
Assim, seria num imenso estádio situado no centro histórico que os adeptos aplaudiriam pela primeira vez o conjunto constituído por Paiva; Mário Sérgio, Dragoner, Medeiros, Rogério Matias; Moreno, Svard, Neca, Benachour; Tiago Targino e Marek Saganowski. Estes teriam, como escreveu o Jornal Notícias de Guimarães de 07 de Outubro de 2005, de saber "inteligentemente sofrer, com uma organização implacável", organizados numa estrutura que "revelou-se mais compacta, serena e organizada" do que o seu adversário, que aos poucos viu os seus ímpetos serem refreados.
Apesar dessa consciência, o Vitória também procuraria resolver, de vez, a eliminatória. "Targino era o homem mais indicado para romper nas alas, sempre apoiado por Saganowski e Benachour.", "colmatando a carência que o técnico tinha de homens habitualmente influentes. Flávio Meireles não recuperou e Cléber ficou em Guimarães."
Seguindo a estratégia à risca, o momento de glória suprema chegaria aos 81 minutos do desafio. "Benachour segurava a bola e num lance consequente o tunisino serviu superiormente Saganowski para um remate que colocou o Vitória como única equipa portuguesa na fase de grupos da Taça UEFA..."e selou um prémio de 25 mil euros para dividir entre todos os jogadores.
Além disso, era o primeiro triunfo da equipa vitoriana longe de Guimarães na sua história em desafios a contar para as provas europeias, à excepção da Taça Intertoto.
História era feita e vislumbrava-se um pequeno oásis de felicidade numa época com poucos mais ou mesmo nenhuns motivos para sorrir...