COMO DOUGLAS CONFIRMOU O SIM A SER ÍDOLO NO VITÓRIA, NÃO CEDENDO À TENTAÇÃO, PROVOCADA POR SALVADOR, EM O TRAIR!

O Vitória, naquela temporada de 2012/13, não vivia dias fáceis.

Com dificuldades financeiras acima da média, o clube via-se e desejava-se para cumprir os compromissos a que se encontrava adstrito, mesmo tendo reduzido de forma significativa a sua folha salarial, tendo deixando partir nomes consagrados como Pedro Mendes, Nuno Assis, Edgar ou Nilson e apostado em jovens promissores como Ricardo, Tiago Rodrigues ou Marco Matias. Independentemente disso, a verdade é que os salários iam sendo pagos com dificuldades e, muitas vezes, com atrasos, o que, simplesmente, realçava o profissionalismo dos comandados de Rui Vitória que, mesmo com essas dificuldades aos ombros, continuavam a entrar com um sorriso nos lábios em campo e a fazer sonhar os adeptos, principalmente, com o desempenho na Taça de Portugal.

A destacar-se na prova rainha do futebol português estava um homem que ganhara a titularidade nessa época, devido à partida do guardião Nilson. Douglas de Jesus, também brasileiro como o seu antecessor, chegara a Guimarães a meio do exercício de 2010/11, tendo jogado muito pouco enquanto o seu compatriota actuava de Rei ao peito. Porém, depois deste abandonar o Vitória, assumiu as redes dos Conquistadores, rapidamente, mostrando ser peça chave na equipa. Mais do que isso, para além de jogos em que foi um bastião de segurança no campeonato, agarrou-a à vida no desempate nos pontapés de grande penalidade frente ao Vitória FC e ao Marítimo para realizar exibição absolutamente extraordinária nos quartos de final perante o eterno rival...com uma defesa absolutamente decisiva frente ao antigo vitoriano, Custódio, que incendiou o D. Afonso Henriques e que abriu as portas para o caminho da glória mostrado pelo golo de Jean Barrientos.

Por isso, o guarda-redes vitoriano era uma das sensações daquele ano. Todos olhavam para ele como uma das surpresas do campeonato nacional. Sobre ele escreviam-se artigos a elogiar os seus reflexos, instinto e capacidades. Em suma, não deixava quem fosse indiferente... inclusivamente, os responsáveis directivos do eterno rival, que, de relações cortadas com o Vitória, tentaram a facada mais dolorosa.

Assim, António Salvador tentou contactar o guarda-redes, propondo-lhe ultrapassar a Morreira e aterrar na Pedreira. Para isso, atendendo aos atrasos salariais que o Vitória ia vivendo, o guardião, apenas, teria de rescindir o seu contrato alegando esses incumprimentos. Basicamente, o que tinham feito três jogadores da equipa B (Kaká, Rafa e Vítor Bastos) poucos dias antes, sem que o Vitória pudesse fazer algo para o evitar.

Todavia, de Douglas, Salvador levaria um sopapo, um não difícil de engolir. O guarda-redes rejeitaria os actos de sedução, dizendo que não iria trair em quem nele apostara e que lhe dera a oportunidade de chegar ao futebol europeu. E, em Guimarães ficaria, para entrar na eternidade graças a essa Taça de Portugal, onde seria um dos maiores artífices da glória que veio a ser conquistada, e para continuar a mostrar os melhores meios de fechar as balizas...fosse como guarda-redes até 2020 e depois, até hoje, como elemento da estrutura.

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