COMO, DEPOIS DE 12 ANOS DE COSTAS VOLTADAS, OS QUERIDOS INIMIGOS REATARAM RELAÇÕES, ENTREGANDO O RIVAL O DINHEIRO COM QUE HOUVERA FICADO, DE MODO INJUSTIFICADO, NESSA ALTURA!

Terá sido um dos mais longos períodos em que Vitória e o seu eterno rival bracarense estiveram de costas voltadas. Foram quase 12 anos sem que as duas colectividades se relacionassem. Um record e tudo devido... a um jogo de repetição!

A história começou em Dezembro de 1968, altura em que o Vitória sob o comando de Jorge Vieira sonhava alto. Tão alto que aquele jogo na cidade vizinha era determinante para continuar nos lugares cimeiros da tabela. Nesse dia, a alinhar com Rodrigues; Gualter, Costeado, Joaquim Jorge, Daniel; Artur, Peres, Augusto; Zezinho, Manuel e Mendes, os Conquistadores para gáudio dos seus adeptos, e não obstante a bátega de água que se abatia sobre o recinto bracarense, colocar-se-iam cedo em vantagem com um golo de Manuel. Contudo, aos 27 minutos da partida, o juiz Henrique Costa interromperia a contenda, ainda que, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 07 de Dezembro desse ano, "em dia de chuva que dificultava todas as intenções de bem jogar, o Vitória jogava bem. Muito bem, mesmo." Por isso, aquando da interrupção "ficou realmente a convicção de que a interrupção do jogo foi um acaso providencial para o Sporting de Braga."

O jogo de repetição entre as duas equipas, disputado dias depois, não seria igual. Com efeito, a lesão de Peres, como o número subsequente do Notícias de Guimarães refere, influiu definitivamente no destino da partida, acabando o desafio empatado a zero. O Vitória perdia um ponto e, mais do que isso, após essa partida reduziria as relações com o rival minhoto, numa decisão que perduraria durante doze anos.

Na verdade, seria já com Pimenta Machado que as partes se aproximariam sendo que o, então, jovem presidente esclareceu os motivos para tal, levando a conhecer o que sucedera quase uma dúzia de anos antes. Reconhecendo que o "reajustamento das relações amistosas com o Sporting de Braga", assumiria ter existido "um contencioso entre as Direcções" por causa desse jogo de repetição da temporada de 1968/69. Assim, segundo Pimenta, depois de ter sido acordado entre os clubes a divisão da receita dessa partida, "os dirigentes do clube bracarense (...) abusivamente abafaram, com proveito para o Clube que dirigiam a receita do respectivo encontro."

Passaram os anos e, por altura dessa assembleia vitoriana, os infractores reconheceram a habilidade e "a parte que então caberia ao Vitória e, repita-se combinada na altura, foi entregue (...) pondo-se desta forma ter a um diferendo" e reajustando-se as relações amistosas entre os dois clubes, que haveriam, posteriormente, de ser consolidadas com a criação da Taça Amizade, dando origem a outras e saborosas histórias!

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