Aquela temporada de 1988/89 não começara bem...
Depois de uma temporada antecedente conturbada, em que o Vitória, apesar de ter chegado à final da Taça de Portugal, salvou-se da despromoção pela diferença de golos, esperava-se que aquela que começou frente ao Farense tivesse mais êxito.
Puro engano...
Os Conquistadores começariam o campeonato com cinco partidas sem triunfar, ainda que, nesse percurso, tivessem sido capazes de empatar no Estádio da Luz, tendo desperdiçado uma grande penalidade, e com o FC Porto em casa. Além disso, foram eliminados da Taça das Taças pelos neerlandeses do Roda, num claro sinal de que o exercício iria ser difícil e susceptível a percalços.
Por isso, quando naquele dia 28 de Setembro de 1988, o Vitória recebeu o FC Porto, em partida a contar para a primeira mão da Supertaça Cândido Oliveira, as expectativas estavam muito em baixo. Além de todos os factos mencionados, pela frente estava uma equipa que houvera conquistado a dobradinha na temporada anterior nas provas nacionais, bem como a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental, pelo que o conjunto vitoriano podia disputar o troféu, apenas, por ser finalista vencido da anterior edição da Taça de Portugal.
Contudo, como tantas vezes tem ocorrido na centenária história vitoriana o impossível tornou-se real, o improvável passou a ser uma realidade palpável. Na verdade, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 07 de Outubro de 1988, "Na Supertaça é outra coisa!", especificando que "os últimos jogos do Vitória nada faziam prever que frente ao F.C. Porto, os vitorianos fossem donos e senhores do jogo."
Mas, nessa noite, a equipa composta por Neno; Nando, Nené, Germano, Basílio; Soeiro, Carvalho, N'Dinga; Roldão, Décio António e Chiquinho Carlos, "conseguiu fazer vir ao de cima o futebol que sabe praticar e que os adeptos tanto esperam assistir jogo a jogo e não alternadamente como tem acontecido."
Deste modo, a partida foi um manancial de oportunidades criadas pelo conjunto vitoriano, muito por mérito das suas linhas ofensivas mas, também, "...oferecidas pela defesa dos azuis e brancos, que mais parecia uma avenida onde o ataque do Vitória passeava." Passeio esse, consubstanciado nos golos de Décio António ao fechar a primeira parte e de N'Dinga ao abrir a segunda e que faziam a equipa ficar a sonhar com um grande feito. Num tempo em que a prova era disputada a duas mãos, haveria de ser concretizado, para gáudio de todos os vitorianos, três semanas depois, em pleno estádio das Antas. Mas isso, já será outra história...