COMO AINDA NÃO SE SABIA QUE AQUELE SERIA O DERRADEIRO JOGO DE JESUS DE REI AO PEITO...

Houvera conseguido tornar-se uma lenda naqueles anos que passara em Guimarães.

António Jesus chegou a Guimarães para representar o Vitória no início da temporada de 1981/82 para defender as cores dos Conquistadores até ao final da temporada de 1987/88. Merecida a chamada à selecção nacional portuguesa e seria determinante em inesquecíveis jogos europeus e em campeonatos cumpridos de forma extraordinária.

Porém, fruto da renovação levada a cabo no final do referido exercício de 1987/88, que fez com que também jogadores determinantes de anos anteriores como Costeado, Miguel, Ademir, Adão ou N'Kama abandonassem o clube, o guarda-redes deixou o Vitória para representar durante duas épocas, respectivamente, o Leixões e o Chaves.

Voltaria, contudo, ao Vitória na época de 1990/91 pela mão de Paulo Autuori, que se lembrava o quão este fora importante na sua primeira passagem por Guimarães, para cumprir três temporadas de Rei ao peito, cumprindo, ainda 82 partidas, mas com influência decrescente na equipa.

Não obstante isso, ninguém imaginaria que aquela partida disputada a 07 de Março de 1993 na casa vitoriana, frente ao Tirsense, fosse a última que iria actuar de Rei ao peito. A derradeira das 256 vezes que defendeu as redes vitorianas com tranquilidade, reflexos felinos e capaz de voar de um poste ao outro como só ele sabia fazer.

Para a história, também ficou a derradeira equipa que integrou: Jesus; Paulo Pereira, Basílio, Tanta, Dimas; Paulo Bento, N' Dinga, Quim Berto; Pedro, Ziad e Alexandro, num jogo tido como importantíssimo para o Vitória que teria de vencer para fugir aos últimos lugar e, consequentemente, ao pesadelo da despromoção.

Seriam, contudo, dois dos jogadores que mais estavam a dar nas vistas que haveriam de exorcizar os medos vitorianos. Pedro Barbosa e Paulo Bento haveriam de adiantar os Conquistadores no marcador. Porém, naquele ano, o Vitória tinha sempre de sofrer para sobreviver. Assim, a equipa de Santo Tirso haveria de reduzir a vantagem graças a uma grande penalidade apontada por Vinicius, que, ainda não se sabia, mas seria um momento histórico, pois tratou-se do último golo sofrido pelo lendário guardião a representar o Vitória.

Porém, este momento, haveria de revestir-se de uma originalidade que parece só acontecer ao Vitória, Na verdade, como escreveu o semanário Notícias de Guimarães de 12 de Março de 1993, "... o juiz Bento Marques, que até aqui tinha estado bem, confundiu tudo, ou seja, Basílio fez a falta e Paulo Pereira foi expulso com cartão vermelho directo."

Apesar do percalço, a verdade é que o adiantado do relógio não permitiria que o Vitória sofresse de sobressaltos maiores. Os Conquistadores venciam, respiravam melhor e Jesus, ainda não se sabia, houvera realizado o seu último jogo de Rei ao peito, pois nas jornadas seguintes daria o seu lugar a Madureira que realizaria os últimos onze jogos do campeonato.

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