Estávamos no ano de 1926...
O Vitória dava os primeiros passos no futebol, numa modalidade que ainda não recolhia os favores dos adeptos.
Para isso, bastava consultar o jornal Ecos de Guimarães de 24 de Abril desse ano, que encarava a prática do desporto-rei pelos mais jovens, quase como uma praga. Por isso, "foram tomadas providências pela autoridade administrativa para reprimir o jogo do boot-ball na via pública e largos da cidade." Pretendia-se que os mais novos não o jogassem nos largos e ruas vimaranenses, merecendo tal medida o aplauso do periódico que considerava que era caso para "...louvarmos a digna autoridade para nos livrar assim dum chut que por casualidade poderíamos apanhar sem com ele contarmos."
Assim, futebol, apenas, no Campo da Perdiz, um dos primeiros recintos vitorianos, que, por essas alturas, se aprestava para receber a partida entre o Sport Clube de Guimarães e o Desportivo Famalicense. Como contava o mesmo jornal com a data de 01 de Maio, a partida teve fases de grande interesse, o que levou a que derrota vimaranense por duas bolas a zero fosse tida como injusta, pois "...este resultado não traduz a marcha do jogo...", considerando-se a igualdade o desenlace mais apropriado para a contenda.
Porém, apesar do desaire, havia o regozijo que "os nossos rapazes que constituem o primeiro grupo do Sport Clube de Guimarães, na sua maioria principiantes nestes assumptos fotobolísticos deram provam (...) que em Guimarães se pode constituir um bom team de foot-ball sem recorrer a jogadores de fora da terra.", num claro sinal de bairrismo, mas, acima de tudo, um modo especial de interpretar o desporto, muito longe da globalização hoje preconizada.
Por isso, exortava-se que "Oxalá a Direcção (...) assim o compreenda(...) arredando de vez com o pernicioso profissionalismo que infelizmente vem entrando com os seus pésinhos de lã e muito disfarçadamente em todas as organisações sportivas da província." Lentamente, contudo, as mentalidades iriam mudar...