COMO O PRIMEIRO DESAFIO FRENTE AO BOAVISTA FINDOU EM GROSSA POLÉMICA, DESENCADEANDO UMA RIVALIDADE QUE DURA ATÉ AOS DIAS DE HOJE...

Os desafios do Vitória frente ao Boavista foram sempre vividos de modo apaixonado, com os dois clubes a pretenderem superiorizar-se e com as bancadas a encararem a contenda de modo efervescente.

Assim sucedeu desde a primeira partida disputada contra os axadrezados a 01 de Junho de 1924 e que terminaria com o êxito da equipa portuense por seis bolas a três, ainda que o jornal Primeiro de Janeiro escrevesse que a equipa axadrezada "... tinha-se aventurado a enfiar nove bolas!!!...", o que levou a que Luís Filipe Coelho, segundo secretário da direcção vitoriana de então, em missiva enviada ao jornal vimaranense A Razão a perguntar "E, também, porque dizer nove bolas quando foram 6 a 3?"

Contudo, ficariam, também, para a história as primeiras manifestações de desentendimento entre os adeptos dos dois clubes, como o jornal Ecos de Guimarães reportou na sua edição de 15 de Junho de 1924. Assim, o cronista Sérgio Vidal, encarregado de contar o sucedido na partida, escreveria que "são para lamentar as scenas desagradáveis que se produziram no final do match e em que todos tiveram culpa." Mais do que isso, "a assistência por vezes mostrava-se violenta nas suas manifestações, mas nem sempre com razão."

Mas voltemos à carta de Luís Filipe Coelho vertida no. semanário vimaranense A Razão, já que fora ele o encarregado de desmentir as acusações vertidas no Primeiro Janeiro que escrevera que os jogadores vitorianos eram "malcreados e zaragateiros."

Assim, este documento, para além do referido supra, procurou rebater as acusações de "...imputar, aos jogadores locais, o atrevimento e a desfaçatez de INSULTAREM E AGREDIREM OS POBRES DOS TRIPEIROS..." A justificar o sucedido alegou que a arbitragem da partida foi confiada "... a um cavalheiro do Porto, mixto também de árbitro e de pobre... de espírito."

Pobreza essa, comprovada pela "...protecção escandalosa (para o Boavista) do árbitro que trouxeram... Porque se não referiram às 2 bolas encaixadas nas redes do Vitória, em off-site, no 2º tempo?"

Assim, com o facto de "que o 2º árbitro também viu pouco e que os jogadores vimaranenses, abandonando o campo, cometeram uma incorrecção", concluíram que "eis o que os valentes sportistas do Boavista não tiveram a coragem de confessar. Levaram algumas bofetadas por terem sido incorrectos e malcreados, insultando o jogador Campos de Carvalho, que aliás foi correctíssimo."

E, assim, começava uma rivalidade que dura até aos dias de hoje...

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