COMO NA INAUGURAÇÃO DO BENLHEVAI, O COMPORTAMENTO DO PÚBLICO GEROU A CENSURA DE QUEM A ELE ASSISTIU... NA CERTEZA QUE OS TEMPOS ERAM OUTROS...

Era o princípio do ano de 1932...

O Vitória aprestava-se para inaugurar o Campo do Benlhevai, tendo como interlocutor o Salgueiros.

Contudo, naquele dia que era de festa, os Conquistadores, ainda numa fase muito frágil da sua existência, seriam derrotados por seis bolas a uma, de pouco valendo o tento de Constantino para os vitorianos. Apenas, serviria para entrar na história como o primeiro tento de um jogador do clube do Rei numa casa que o clube haveria de ocupar por 14 anos, num período que foi do obscurantismo aos mais altos patamares do futebol nacional.

Porém, naquele dia, com bancadas cheias, sendo que o recinto comportava uma lotação de 3000 espectadores, o que chamou a atenção do cronista do Notícias de Guimarães, no seu artigo publicado a 01 de Fevereiro de 1932, prendeu-se... com as críticas do público ao trabalho da equipa de arbitragem.

Na verdade, numa altura em que o futebol era tido como um desporto de gentlemen, causou indignação "... a intervenção do público nas decisões do árbitro." Com efeito, já há mais de 90 anos, os vitorianos sofriam na pele o efeito das decisões da arbitragem, ainda que na altura se considerasse que "São saliências que rebaixam e o público só tem o direito de se manifestar no fim de cada tempo, e ordeiramente." Era uma manifestação dos princípios preconizados pelos "sportsmen" daquele tempo, verdadeiros cavalheiros de um desporto que defendia o diletantismo em detrimento do êxito. Aliás, era dado um curioso conselho que, nos dias de hoje, seria imediatamente desrespeitado, atendendo ao estado de nervos e de excitação que causa uma partida dos Conquistadores e onde todos somos instados a fazer o máximo de barulho para apoiar a equipa: " Quem ter nervos, ou não pode estar calado, não vai ver aquilo que o possa incomodar!"

Por isso, concluía-se que "O público tem a obrigação de ser educado e deve primar por receber bem quem nos visita.", pois "... o insulto é tanto mais soez quanto maior é a ignorância."

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