Era o primeiro ano do Vitória no principal escalão do futebol português. Com efeito, os Conquistadores, depois de terem triunfado no campeonato distrital, batido o União de Lamas numa espécie de finalíssima para aferir quem seria promovido à Primeira Divisão, seguia-se a grande aventura neste escalão.
Como era óbvio, atendendo à falta de experiência do conjunto vitoriano, previa-se um percurso difícil, ainda que tivesse começado de modo extraordinário com um triunfo por quatro bolas a zero sobre o Olhanense. Porém, a equipa só voltaria a triunfar à oitava jornada perante o Carcavelinhos. Sofreria, entretanto, alguns pesados desaires como a derrota por nove a um frente ao Sporting no Estádio do Lumiar.
Todavia, a equipa de Alberto Augusto, apesar de outros pesados desaires, foi capaz, em certos jogos, de se bater de modo acirrado contra os seus oponentes, como sucedeu quando bateu o Belenenses, em casa deste, por uma bola a zero, naquele que foi o primeiro êxito dos Conquistadores longe de Guimarães na primeira divisão.
Seguia-se, após esse feito, o encontro com o campeão nacional Sporting, que chegava a Guimarães, com o ensejo de obter um triunfo que lhe permitisse manter-se na peugada do Benfica, que nessa época parecia disparado para o título.
Deste modo, naquele dia 26 de Abril de 1942, o conjunto composto por Machado; Lino, João; Castelo, Zeferino, José Maria; Laureta, Miguel, Alexandre, Ferraz e Bravo, como escreveu o Notícias de Guimarães de 03 de Maio desse ano, deu grande luta ao adversário, um "... verdadeiro gigante do desporto nacional..." Contudo, a equipa vitoriana apresentou-se com uma "...energia e um ardor combativo, valorizados por seguros conhecimentos", que levaram que a partida fosse emocionante, equilibrada e imprevisível. "E note-se que isto aconteceu, tendo o Vitória jogado apenas com dez elementos, porque, a sete minutos do começo, Laureta teve de abandonar o terreno, para não voltar, em virtude de ter sofrido uma luxação num ombro, motivada por embate com Octávio, defesa-esquerdo do Sporting." A mesma publicação haveria de aprofundar o sucedido, dizendo que "Octávio entrou duro e derrubou-o, resultando disso ter de ser conduzido ao hospital."
A partir daí, os jogadores vitorianos teriam todos de dar um pouco mais de si, ainda que ao intervalo o conjunto sportinguista já vencesse por uma bola a zero. Já na segunda metade, "aos 10 minutos, num ataque vistoso dos vimaranenses obriga Octávio a fazer sair a bola pela linha de cabeceira. Na marcação do castigo, Ferraz manda a bola às redes, mas esta não entra e é devolvida. Miguel recolhe-a em boas condições e fá-la então ali anichar no meio de indiscritível entusiasmo da multidão." Com o golo, "os homens do Vitória parecem vivos demónios, tal a rapidez com que agem." Seria Sol de pouca dura e a diferença numérica haveria de se fazer sentir e o Sporting marcar o golo do triunfo por Pireza, aos 22 minutos.
O Vitória haveria de perder, mas "... com uma exibição altamente valorosa para os bravos e valorosos campeões do Minho, a quem a fatalidade inutilizou nos primeiros minutos um apreciável elemento, cuja permanência no terreno, talvez tivesse modificado o resultado do encontro.", pois "os jogadores do Vitória foram todos esforçados e brilhantes."
A vingança haveria de chegar uns meses depois nas meias-finais da Taça de Portugal, mas isso já será outra história...