AQUI (EM GUIMARÃES) NASCEU PORTUGAL, INDEPENDENTEMENTE DE QUANTOS MANUÉIS QUE QUEIRAM REESCREVER A HISTÓRIA... (E GANHAR LIKES NO FACEBOOK)

Aqui, em Guimarães, nasceu Portugal.

Será uma daquelas verdades indesmentíveis, ainda que, para muitos, essa verdade doa. Aliás, dói tanto que passados 900 anos afadigam-se em construírem realidades alternativas para o o local de nascimento do Rei Primordial do nosso país e... pasme-se, procuram através de mortais encarpados à retaguarda reescreverem a história.

O último deles foi aqui: https://www.facebook.com/photo?fbid=1248746810034882&set=a.367005294875709

Manuel Beninger, que se auto-intitula um autarca monárquico vai ao arrepio da história e numa interpretação peregrina para os seus seguidores do Facebook escreveu o seguinte:

"AQUI NASCEU PORTUGAL"

O “Berço de Portugal” é a SÉ DE BRAGA!

Afonso Henriques, para enfrentar a sua mãe, Dona Teresa, teve que ir à cidade de BRAGA pedir HOMENS, ao Arcebispo Dom Paio Mendes, para vencer a batalha mais importante da sua vida: São Mamede, que se deu a 24 de Junho do ano 1128, perto da vila de Guimarães.

Este facto, muito pouco divulgado, está comprovado num documento que está guardado no Arquivo Distrital de Braga. Neste manuscrito, datado do dia 27 de Maio de 1128, podemos observar as assinaturas legíveis de Dom Afonso Henriques e de Dom Paio Mendes.

Se a história popular criou o mito de Guimarães como berço da nacionalidade, há a acrescentar que foi em Braga que tudo se definiu.

Em Braga concretizou-se o plano, e em Guimarães os HOMENS DE BRAGA ganharam a batalha.

“Aqui nasceu Portugal” pode ser aplicado a BRAGA, com toda a legitimidade!"

Ora, desconhecemos ao referido Manuel qualquer capacidade histórica ou de interpretação de documentos. Compreendemos, porém, que quem tem muitos seguidores no Facebook, uma polémica artificial dará sempre visualizações e likes.

Mas, o Manuel no alto do seu conhecimento, quis arranjar as razões para uma rivalidade histórica, sem sequer perceber os motivos. Os motivos que eram religiosos e que levaram a que à Sé e ao Arcebispo de Braga, Guimarães contrapusesse com a Colegiada da Nossa Senhora da Oliveira e o Monsenhor. Aliás, o facto de nos comentários referirem que a Batalha de São Mamede foi a causa do debutar da rivalidade entre as duas cidades, sem que o autor desmentisse tal atoarda, só comprovará a sua impreparação para debater este tema...

Porém, vamos esclarecer o que aconteceu, ensinado o Manuel e os outros Manuéis desta vida. Para isso, iremos recorrer ao historiador, Prof. Amaro das Neves, insigne estudioso desta matéria, e o falecido Prof.Santos Simões que, também, se dedicou a estas temáticas. Assim, no texto "24 de Junho Tarde de Sol, Manhã de Orvalho", é escrito que " apoiantes de D. Teresa e de Fernão Peres estavam concentrados na Póvoa de Lanhoso e desde a manhã do dia anterior estavam em movimento na direcção de S. Torcato.

O Infante e seus apoiantes sabiam que os seus inimigos se movimentavam desde o princípio de Abril, rumando, os de sul do Douro, pelo interior (Celorico, Trancoso, Lamego e, transposto o Douro, por terras de Basto até à Póvoa de Lanhoso) para fugir ao Porto, que estava ao lado do Infante, e as forças vindas da Galiza, que evitaram passar por Braga (apoiante de Afonso Henriques), vindo por Ponte do Lima ou Ponte da Barca, passando pelas pontes romanas de Caldelas (rio Homem) e de Amares (rio Cávado) para chegarem sem obstáculo à Póvoa de Lanhoso cujo alcaide era favorável a D. Teresa.

Foi decidido mandar vinte cavaleiros na direcção de S. Torcato onde se sabia da “concentração das forças adversas – possivelmente no seu acampamento na zona do convento”.

Ora, tal desmontará a teoria de que houve uma premeditação na batalha como defendido pelo Autor do Facebook cuja tese rebatemos. Deste modo, a decisão foi instantânea, não existindo sequer tempo para ir à cidade vizinha pedir homens. E relembre-se que uma viagem para Braga, naquela altura, não era por auto-estrada... era a cavalo, por caminhos térreos!

Mas, continua o Prof. Santos Simões, reputadíssimo estudioso da matéria: " Pouco depois de concluída, chegam os cavaleiros que comunicam ao Infante e aos barões que tiveram um recontro com a guarda avançada das tropas de Fernão Peres, quase no extremo norte das terras de Gildes, e que marchavam na direcção do Castelo de Guimarães.

“D. Afonso Henriques dispunha de uma força militar considerável. (...) A grande maioria dos fidalgos portugueses, a poderosa família dos Mendes da Maia e a de Egas Moniz, muitos cavaleiros e infanções e homens de armas, o povo das vilas e as guarnições de numerosos castelos, a começar pelo do Neiva e o de Faria (...). Mas entre os meios à disposição de D. Afonso Henriques, figurava com grande realce, Guimarães”.

Ora, tal parece claro e rebater o Manuel com pretensões a historiador. Até ele perceberá as patranhas que escreveu. Nem merecerá explicação, mas o curioso é que na origem dos cavaleiros, infanções e homens de armas nem sequer figurar a cidade vizinha."

Compreendemos que Portugal ter nascido em Guimarães ainda seja sinónimo de invejas. Que os pseudo-entendidos desta vida com um computador nas mãos queiram reescrever uma história com 900 anos. Mas, para uma cambalhota lógica e a tentativa de enganar inocentes, estarão dois para defender o património imaterial de uma cidade onde Nasceu Portugal!

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