Como escrevia hoje, o Rui Vitor Costa, num dos seus assertivos e gostosos escritos, viu mais vezes Rui Borges nas capas dos jornais nos últimos dias, até na página 5 do Expresso (!) do que enquanto este era treinador do Vitória e aquele morava perto da Academia.
Tais linhas que levaram ao cotejo dos jornais desportivos portugueses com o Pravda, na forma como publicitavam os líderes máximos da União Soviética, conduzem-nos à realidade de Alberto Costa, o emergente lateral direito vitoriano.
Na verdade, até há meia dúzia de jogos ninguém se preocupou em perscrutar a qualidade e o futuro do jovem atleta. Mesmo quando brilhou em partidas contra o St.Gallen, onde marcou um golo ou frente à Fiorentina passou incógnito, merecendo manchetes outros com menos qualidades, mas a vestir outras camisolas.
Bastou, contudo, um propalado interesse dos maiores clubes portugueses. A ida de Rui Borges para Lisboa, para o Sporting, que ao contrário de Amorim quando foi para o United não se comprometeu em não tirar jogadores do Vitória, atiçou esse interesse. Além disso, os jornais da publicidade, de imediato, colocaram o jovem atleta num conflito entre os dois maiores emblemas lisboetas, num duelo que, apenas, se conhecem novos episódios pela necessidade febril de vendas. Mas, nunca o jovem Alberto terá pensado ser capa a toda a largura de um jornal que só olha para os três emblemas de sempre... ainda que vá lá, não o tenham, graças aos milagres do Photoshop, travestido com a camisola do clube que aventam que o poderá contratar.
Esse será dos maiores dramas do futebol português. A excessiva mediatização de três emblemas, que com a sua propaganda molda opiniões e cimenta verdades, por vezes falsas. Modestamente, na página sentimos isso... bastará escrever uma opinião acerca de uma partida que envolva o Vitória e um dos três mais fortes e teremos a caixa de comentários enxameada de provocações, insultos e brejeirices. Caso falemos de uma partida com outro contendor, as trocas de galhardetes serão de outro modo, com o respeito e o fair-play a imperarem. Mas, lá está, a culpa não será totalmente só de quem escreve, mas de quem inculca esse modo de raciocinar... e isso, infelizmente, será difícil de combater!