Era o conjunto sensação do exercício de 1965/66. Uma extraordinária equipa, liderada pelo francês Jean Luciano, e que mereceu um extenso artigo na revista Flama de 29 de Outubro de 1965, qualificando o conjunto vitoriano como "sobriedade e segurança."
Deste modo, a revista começava pelo treinador, dizendo ser "homem de poucas palavras. Mas essas, as poucas que diz, são quase ciciadas, numa pronúncia abrasileirada." Mais do que isso, era um génio táctico, atendendo a que "antes ... de entrar no campo, num dos muitos jogos disputados fora, reuniu os seus jogadores nas cabines para uma esquematização -adpatação realizada em cima da hora."
O capitão de equipa, esse, era Peres, o lendário interior e capitão vitoriano. Dizia à publicação que "o que mais aprecio na vida é a sinceridade e a comunhão de ideias, ou, pelo menos, a lealdade", num traço característico de como deve ser um líder.
Como sustentáculos defensivos da equipa estavam Joaquim Jorge e Manuel Pinto. O primeiro afirmava que "a sua maior qualidade era praticar a caridade", sendo que "depois do futebol gosta de atletismo e basquetebol." O segundo confidenciava que gostaria de ser engenheiro têxtil, e que "o momento mais feliz da minha vida foi quando o Vitória ficou finalíssimo na Taça de Portugal."
Um dos génios da equipa naquele ano, e que haveria de sair de forma polémica para o Sporting era Morais. Brasileiro, achando que a honestidade era a sua maior qualidade (uma ironia do modo como abandonou o Vitória, dizia que "ambicionava ser médico". Confessava que "desportivamente, o momento mais feliz da minha vida foi a marcação do golo do Fluminense, na Colômbia, que deu o título ao Fluminense."
Outro dos nomes apresentados era Daniel, que haveria de ficar para sempre na história do clube. O admirador de Amália, Tony de Matos e Manuel Fernandes assumia que o momento mais feliz da sua vida fora ter assinado pelo Vitória, considerando-se pouco ambicioso, pois "limita-se a pedir saúde e dinheiro para os gastos."
Por sua vez, Vieira, o extremo que atormentava os laterais contrários, não tinha pejo em afirmar que "se não fosse futebolista gostaria de ser agente da Polícia Judiciária." Além disso, sonhava com "... render o máximo no futebol e no fim arranjar um emprego para garantir o futuro dos meus."
Finalmente, Artur, nado e criado na Cidade Berço, assumia que ir ao café e ao cinema eram os seus gostos, também não desdenhando umas férias na Póvoa de Varzim, ambicionando "ser viajante, pois sinto que tenho vocação para esse mister." Mas mais do que isso, "o que mais ambiciono para o futuro é formar um lar e ser um bom chefe de família."
Outros tempos, outros sonhos e ambições... mas, estes homens de gostos simples haveriam de ficar na história, ao conquistarem mais um quarto lugar (o terceiro da história do clube, depois de uma inesquecível caminhada!
