O Vitória houvera feito temporada de excepção no ano de 2002/03, quando, em Felgueiras, a praticar futebol de inegável qualidade, conquistou um belo quarto posto...ainda que sem direito a qualificação europeia, numa das raras vezes que tal sucedeu, nos últimos anos, no futebol português.
Assim, na temporada seguinte, de regresso ao remodelado D.Afonso Henriques, com uma equipa reforçada, o desejo de Pimenta Machado era, ainda, fazer melhor, num sonho secundado por todos os adeptos.
E tal haveria de começar da melhor forma, com o triunfo em casa perante a União de Leiria, graças a um golo solitário de Fangueiro. O pior viria, todavia, depois, para os comandados de Augusto Inácio, com três derrotas consecutivas nos terrenos do Benfica e do Boavista, bem como em casa com a Académica de Coimbra. Por essas razões, aquele desafio contra o FC Porto, de Mourinho, que houvera vencido meses antes a Liga Europa, era tido como determinante para a rota dos Conquistadores voltar a entrar nos trilhos.
Tudo correria ao contrário do planeado, muito por culpa da arbitragem inenarrável de António Costa... mas já lá iremos.
Nesse dia 27 de Setembro de 2003, Augusto Inácio escolheria Palatsi; Bessa, Cléber, Medeiros, Djurdjevic; Rui Ferreira, Flávio Meireles, Hugo Cunha, Nuno Assis; João Tomás e Romeu, para um desafio que começou da melhor maneira, com Romeu a responder da melhor forma a um cruzamento de Hugo Cunha. Era uma grande noite que se previa, atendendo à qualidade de jogo demonstrada pelos Conquistadores, ainda que Derlei empatasse a partida quase de imediato.
Porém, a verdade é que o Vitória continuava com a corda toda, e, no início da segunda metade, João Tomás, a grande esperança vitoriana para os golos nesse ano, estrear-se-ia a marcar... ou não! Na verdade, sem que nada o fizesse esperar, o juiz António Costa haveria de anular o belo chapéu que o aríete vitoriano aplicara a Vítor Baía, por um suposto empurrão a Jorge Costa...que só ele viu e que impediu que os Conquistadores se adiantassem no marcador. Pior haveria de ficar, quando Costinha apontou o segundo tento do adversário, carimbando a quarta derrota consecutiva dos homens treinados por Augusto Inácio e marcando decisivamente a temporada.
No final da partida, o técnico haveria de dizer que "no flash-intervier não tinha certezas, agora tenho-as. Vi as imagens e estou convicto que o segundo golo da partida, anulado ao João Tomás, é o momento chave e foi um lance limpo, porque o Jorge Costa tropeçou e o João Tomás com calma fez o golo."
Iria mais além ao questionar "quantas vezes viram o árbitro nos pontapés de canto na área do Vitória a chamar a atenção dos jogadores? Alguma vez o viram a fazer o mesmo na área do FC Porto? E depois há outras faltas em diferentes zonas do campo, aquelas a que chamo de faltas habilidosas."
Porém, do outro lado, Mourinho, sempre hábil nas questões da comunicação, haveria de afirmar que João Tomás confessara-lhe ter feito falta sobre o central portista, algo rebatido pelo avançado que, de modo assertivo, referiu que "O Mourinho deve ter percebido mal, não sei o que ele percebeu, mas na minha opinião não é falta. Acho que há um choque normal na disputa da bola. Não falei com ele no relvado, mas no corredor."
Tal decisão teria uma influência devastadora no Vitória. Jamais a equipa se levantaria, com Inácio, o treinador com maior tempo de permanência consecutiva no comando técnico durante a liderança de Pimenta Machado, haveria de abandonar a equipa à 13ª jornada, após uma derrota em Vila do Conde, que a deixou em lugares de descida.
Quanto a João Tomás, as promessas de (muitos!) golos, cingir-se-iam a quatro... uma verdadeira desilusão para quem tanto prometia. Mas, como seria, se António Costa, naquele jogo contra o futuro campeão europeu desse ano, tivesse decidido de outra forma.