COMO O GESTO DE BENACHOUR, APÓS MOMENTO MÁGICO, DESENCADEOU A REVOLTA... E FOI, APENAS, UM PALIATIVO NA DOR QUE JÁ SE SENTIA!

Aquela temporada de 2005/06 será, provavelmente, das mais dolorosas da história vitoriana.

Com efeito, depois de uma profunda remodelação do plantel e a contratação, num acto de culto sebastianista, de Jaime Pacheco, a verdade é que o Vitória entrou mal no campeonato para jamais recuperar. Pacheco seria despedido, seria contratado Vítor Pontes, na altura visto como delfim dilecto de José Mourinho, mas a verdade é que foi incapaz de equilibrar as contas que a partir de um determinado momento "entraram em parafuso". Bastará para comprovar esta afirmação, o facto de o Vitória, apenas, nos últimos oito desafios do campeonato, apenas, ter vencido um, o que ajudou, e de sobremaneira, a "cavar a indesejada e inesperada sepultura”, leia-se descida de divisão.

Porém, a centelha de uma ténue esperança num milagre terá ocorrido naquele desafio perante um, praticamente, despromovido Penafiel e que para o Vitória era partida de vida ou de morte. Com efeito, naquela antepenúltima jornada do campeonato, a alinhar com Nilson; Vítor Moreno, Geromel, Cléber, Paíto; Svard, Otacílio, Benachour; Manoel, Saganowski e Dário, aos Conquistadores, como escreveu o Notícias de Guimarães, "exigia-se um renascimento. Exigia-se o que o Vitória poucas vezes conseguiu ao longo da época... Resultado: uma equipa mais acutilante, mexida, com um poder atacante simpático, com Sagan a agradecer - não estava sozinho e tinha oportunidade para vaguear pela linha defensiva".

Por isso, atendendo à necessidade imperativa de vencer a partida mas, também, às clara debilidade do conjunto adversário (orientado pelo futuro técnico vitoriano Luís Castro), o Vitória cedo se colocou em vantagem, graças a um portentoso tiro de Benachour ao canto superior esquerdo da baliza penafidelense...para desencadear a polémica! Na verdade, o genial tunisino, após esse momento de inusitada inspiração, "não festejou o golo". Fez "um gesto de dedo em riste junto à boca", que caiu bastante mal nos adeptos.

Depois da indignação de todo o estádio, a partida prosseguiria com o Vitória, finalmente, a parecer ganhar alguma tranquilidade. Saganowski, quase logo de seguida, atrairia as atenções para si ao apontar um extraordinário golo graças a um genial pontapé de bicicleta, sendo que Wesley na segunda metade haveria de apontar o terceiro tento vitoriano.

O Penafiel haveria de reduzir, mas os olhos, esses, estavam centrados em Benachour que no final da partida, procurou rapidamente sair do relvado. Tal propósito seria impedido pelo presidente Vítor Magalhães que, "também, com o dedo em riste, mandou o tunisino para o centro do terreno, agradecer o apoio aos adeptos com o grito de guerra". Acataria a ordem do líder do clube, para, posteriormente, em declarações ao Mais Futebol dizer que "eu fiz o gesto apenas para uma classe de adeptos que nos criticou. A semana de treinos foi difícil para todos nós. Enervaram-se contra colegas e amigos meus. Insultaram-nos. É verdade que não fui vítima desses insultos, mas não foi o caso do Antchouet, Targino, Neca e outros. Fiz esse gesto porque alguns adeptos foram a casa do Antchouet. Ele não estava e ainda bem. Não sei o que queriam fazer, mas acho que isto tudo foi muito longe".

Porém, tentando deitar água na fervura, concluiria que "sei que os adeptos não gostaram e não volto a fazer esse gesto. Acima de tudo, o mais importante é o Vitória ficar na Liga e não haver estas guerras".

Enganar-se-ia, com os Conquistadores a não conseguirem triunfar em mais qualquer partida da Liga, selando um destino que todos temiam mas que ninguém queria acreditar que fosse possível...


 

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