Portugal estava na antecâmara para a organização do Campeonato Europeu de 2004.
Um evento único e inesquecível para o qual todos os sonhos eram permitidos, sendo que, também, urgia apagar a má memória deixada aquando do Campeonato do Mundo que se jogou na Coreia do Sul e do Japão em 2002, onde as expectativas foram completamente defraudadas.
Assim, já com o treinador campeão mundial desse ano, Luiz Felipe Scolari, ao leme das Quinas, empreenderam-se uma série de desafios particulares destinados a que naquele Verão de há 20 anos, a equipa estivesse o melhor preparada possível.
Deste modo, um desses jogos disputou-se no estádio D.Afonso Henriques perante a vizinha Espanha, numa contenda em que desejava-se que o conjunto lusitano já demonstrasse qualidades que a pudessem tornar numa das favoritas do certame.
Assim, no dia 06 de Setembro de 2003, no primeiro dos estádios a ser concluído e inaugurado para o grande torneio, o "Sargentão Scolari" entrou em campo com Ricardo; Miguel, Fernando Meira, Fernando Couto, Nuno Valente; Costinha, Maniche, Rui Costa; Figo, Pauleta, Sérgio Conceição, numa partida que foi uma verdadeira desilusão.
Com efeito, Portugal jamais foi capaz de se equipar à selecção do país vizinho, que aos 12 minutos já vencia graças a um tento de Etxeberria. Seria o início de um pesadelo que teria continuidade com os golos de Joaquin e de Diego Tristán na segunda parte, numa dolorosa manifestação de forças díspares que a todos deixou preocupados.
Porém, o pior viria depois com Scolari a resolver encontrar dois réus pelo sucedido. Um deles o vimaranense Fernando Meira que em entrevista à Tribuna Expresso diria que “estava sempre a ser convocado e até fui capitão num dos jogos de preparação. Depois saiu uma notícia, completamente inventada, que eu e mais alguns jogadores, o Maniche e o Nuno Valente, tínhamos tratado mal o selecionador. Tudo mentira. A única pedra no sapato que guardo com Scolari foi ele nunca ter vindo a público desmentir e ter deixado aquilo crescer. Nem nunca sequer falou comigo." Assim, falharia a prova na qual depositava tantos sonhos... tal como Sérgio Conceição que, ao contrário de Meira que regressou à equipa de todos nós logo a seguir ao torneio, não teve qualquer perdão.
Aliás, como Scolari nunca falou dos jogadores que não convocava (tal como fez com Vítor Baía) gerou-se uma onda de boatos que seria o próprio Sérgio Conceição, em 2009, em entrevista ao jornal I, a esclarecer... do modo explosivo pela qual sempre pautou a sua existência: "Scolari levava os amigos brasileiros, os amiguinhos da Nike. Sim, porque ele é patrocinado pela Nike e entre um jogador da Nike e um da Adidas, escolhia sempre o da Nike. Mas depois, lá vinha com a lengalenga da disciplina. Então mas eu, que nasci em Coimbra, em Portugal, deixo-me ficar". Ainda diria pior, relativamente ao presidente da Federação: "Mas há mais. Quem? O Dr. Merdaíl. Disse Merdaíl? Enganei-me. É Madaíl, Madaíl. Depois do fiasco do Mundial de 2002, escondeu-se atrás de uma carcaça, de um campeão do Mundo." O que é certo é que jamais vestiria a camisola da Equipa de Todos Nós por causa do jogo de Guimarães.